Filme foca na recuperação diante da morte inesperada

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
06/07/2015 às 06:38.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:46
 (Califórnia)

(Califórnia)

“Dois Lados do Amor”, lançado em DVD pela Califórnia, dialoga fortemente com outros dois trabalhos recentes, cujas narrativas também se desenvolvem a partir dos sentimentos difusos da mulher em relação a perdas familiares.

Ao lado de “Livre” e “Cake – Uma Razão para Viver”, o filme de Ned Benson é marcado por um acontecimento trágico que leva as protagonistas a entrarem em rota de colisão com seus companheiros e com a vida, anulando-se ou optando pela fuga.

Chama a atenção nesses filmes o fato de não existir uma oposição clara de gêneros. O que fica nítido, especialmente em “Dois Lados do Amor”, é uma tentativa de compreensão sobre o tempo de recuperação de cada um diante da morte inesperada.

APAGAMENTO

Em “Cake”, a deprimida Jennifer Aniston só irá perceber essa diferença quando conhece um homem que perdeu a esposa, pronto para recomeçar. Ela não aceita que o marido retome rapidamente o curso normal, assim como a Eleanor de “Dois Lados”.

Vivida por Jessica Chastain, ela tenta apagar todos os frutos – bons e ruins – de sua relação com Connor (James McAvoy), do filho ao apartamento, mas principalmente dos momentos de afeto entre eles, retornando à casa dos pais e à faculdade.

O que faz o filme escapar do dramalhão é como ele dispõe sua narrativa. Não acompanhamos um lar feliz para, em seguida à tragédia, ver a decadência e a discórdia até o perdão mútuo, como já explorado em outros filmes. Benson prefere suprimir a causa.

DESCOMPASSO

Após rirem juntos num restaurante, na cena seguinte Eleanor tenta se suicidar no rio. Essa aceleração não só confunde como torna difícil qualquer identificação, que só parece possível através dos coadjuvantes.

Um deles é o pai de Eleanor (William Hurt), para quem, em qualquer relação, há sempre o caminho fácil da ruptura diante das dificuldades. Outro é a professora Friedman (Viola Davis), que é bem franca em suas ponderações.

Aos poucos vamos entendendo que a caminhada do casal está em descompasso. Ao mesmo tempo que descobrimos a razão, ele parece insuficiente para explicar, como esperamos, o porquê de o amor não ter sido mais forte.

Sem criar vilões, Benson opta por uma abordagem mais realista e melancólica. O final é ambíguo e misterioso, com um seguindo o caminho do outro, mas não ficamos sabendo se, em algum momento, eles se alcançarão.

Também chega às locadoras “Wild” (Livre), de Jean-Marc Vallée, com Reese Witherspoon, que interpreta uma mulher que rebate crises numa empreitada radical: caminha quase 2 mil km na costa do Pacífico

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