ESTREIA

Filme 'Moonfall', dirigido por Roland Emmerich, leva planeta à destruição quase total

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
04/02/2022 às 11:41.
Atualizado em 04/02/2022 às 13:31
Filme em cartaz nos cinemas conta com Patrick Wilson e Halle Berry no elenco (DIAMOND/DIVULGAÇÃO)

Filme em cartaz nos cinemas conta com Patrick Wilson e Halle Berry no elenco (DIAMOND/DIVULGAÇÃO)

Desde 1996, quando mostrou em “Independence Day” a explosão da Casa Branca, residência do presidente e um dos grandes símbolos do poderio dos Estados Unidos, o diretor alemão Roland Emmerich não parou mais de "destruir a Terra".

Na cartilha do realizador, que ainda colocaria o planeta a um passo do apocalipse em “O Dia Depois de Amanhã” (2004), “2012” (2009) e “Independence Day: O Ressurgimento” (2016), há um prazer voyeurístico em observar grandes edificações irem ao chão.

Quanto mais o homem constrói obras colossais, competindo em grandeza com fenômenos naturais, mais fácil parece a Emmerich a ideia de liquidar com essas maravilhas arqui-tetônicas como uma espécie de trilha de dominós. 

“Moonfall – Ameaça Lunar”, que acaba de estrear nos cinemas, segue fielmente esse caminho, a não ser por um detalhe importante. Em contraposição aos fálicos monumentos, surge na trama uma fenda na Lua que, em essência, traz o segredo da vida terrestre.

Não é difícil criar comparações entre masculino e feminino, potência viril e gestação, tecnologia e humanismo, apesar de os filmes de Emmerich chamarem mais a atenção pela pirotecnia, pelos diálogos rasos e pelas situações construídas de forma frouxa.

“Moonfall” já dá uma pista desta ideia quando os astronautas interpretados por Patrick Wilson e Halle Berry discutem um trecho da letra de “Africa” – música pop oitentista do grupo Toto – em meio a um reparo fora da espaçonave. 

Eles se detêm em “Benditas as chuvas que caem na África”, refrão que se segue a “Não há nada que 100 homens ou mais possa fazer”. A canção fala do amor por um continente, numa época em que a classe artística se reunia para evidenciar a fome na África.

Não há nenhum personagem pobre em “Moonfall”, no sentido socioeconômico da palavra. São pobres como seres humanos, em seus propósitos de vida. Todos eles, sem exceção, parecem sentir falta de conexões mais profundas.

Não é por acaso que as famílias dos personagens centrais estão fragmentadas. Harper (Wilson) virou um alcoólatra após a Nasa não acreditar na história de uma vida alienígena na Lua. Endividado, ele se separou da esposa e viu o filho virar um delinquente.

Já Jo (Berry), que havia usado “Africa” como trilha sonora de seu casamento, agora não está mais com o marido, um militar de alta patente. Diretoras da Nasa, é a única a apostar numa missão lunar antes de explodir o satélite em rota de colisão com a Terra.

O desastre os une novamente, embora não por um ideal de família feliz. Como em todos os seus longas anteriores, Emmerich faz uma espécie de filme-coral, com vários núcleos que agem paralelamente – em geral, militares, nerds e adolescentes rebeldes.

Em “Moonfall”, apesar de o militarismo não ganhar relevo exagerado, há personagens que entram na trama só para fazer número – pior para Michael Peña, atual marido da ex de Harper, cujo texto tenta dar algum sentido para ele, mas só piora a cada cena.

Desta vez, os cataclismos não são evidenciados, dando mais destaque à aventura espacial. Mas não deixa de ser uma pena que esse contato extraterrestre não consuma parte maior da trama, ao estilo de “A Chegada”. Seria pedir demais ao Sr. Destruição.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por