O Livro dos Prazeres

Filme protagonizado por Simone Spoladore leva para as telas o livro clássico de Clarice Lispector

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
30/09/2022 às 12:20.
Atualizado em 30/09/2022 às 14:49
Atriz interpreta Lóri, uma professora em fase de autodescoberta (Vitrine/Divulgação)

Atriz interpreta Lóri, uma professora em fase de autodescoberta (Vitrine/Divulgação)

Em “Lavoura Arcaica” e “Desmundo”, a atriz Simone Spoladore deu vida a personagens em que, segundo ela, o lado feminino se despedaça ao longo da narrativa. Com “O Livro dos Prazeres”, em cartaz nos cinemas, ela faz o caminho inverso.

“A experiência da Lóri é outra. Ela encontra a unidade na frente da câmera”, compara. Baseado no romance “Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres”, de Clarice Lispector, o filme acompanha uma professora que evita criar laços afetivos.

Ela vai morar num amplo apartamento em Copacabana, suprindo suas carências com encontros casuais. Neste caminho surge o argentino Ulisses (Javier Drolas), um arrogante e provocador colega de ensino que a leva a um mergulho interior.

“Ela precisa desse encontro com o outro para se transformar. Lóris passa por uma trajetória de descobrir como é conversar com ela mesma. É assim que descobre a vida”, registra Simone, que recorreu a outro livro de Clarice para desvendar a personagem.

“É muito difícil definir exatamente quem ela é e usei como baliza ‘A Paixão Segundo G.H.’, que foi lançado antes de ‘O Livro dos Prazeres’. Nele há uma mulher que, naquele estado de delírio, passa por um momento de desconstrução do mundo”, analisa.

A diretora e roteirista Marcela Lordy, em seu primeiro longa-metragem de ficção, não se prendeu ao livro, amenizando a submissão excessiva de Lóri, que não cabe mais no cenário atual. Outra mudança importante é o fato de Ulisses ser estrangeiro.

“O Javier, como pessoa, é um pouco estrangeiro na vida também, sabe? Ele é muito sensível, meio como a própria Clarice, sentindo-se estrangeiro na própria pele”, destaca Simone, que não poupa elogios ao ator, conhecido pelo filme “Medianeras”.

A dupla teve um mês de preparação numa sala de ensaio, ao lado de Tomás Rezende, realizando vários exercícios corporais. Simone também fez laboratório numa escola do Rio de Janeiro e incorporou algumas informações que não estavam no roteiro.

“Essa coisa de, quando você está um pouco deprimida e vem dar aula, o que se faz? Vem de óculos escuros. Fomos colocando esses elementos, mas na hora de filmar mesmo a gente entra no vazio de novo, tendo que reinventar a partir do que a gente sente em cena”, afirma. 

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