Filmes brasileiros não comerciais têm a chance de mostrar a sua cara no Cine 104

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
10/04/2013 às 11:20.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:42

A mostra de filmes mineiros independentes que o Cine 104 exibe a partir de sábado (13) é um retrato do mercado cinematográfico atual: uma das poucas salas de rua de Belo Horizonte é também a única "tela" em que produções menos comerciais têm lugar garantido.

Ambos – o cinema anti-blockbuster e a sala fora do circuito de shoppings – vivem uma luta de Davi e Golias por sua sobrevivência. A "estilingada" na testa do gigante são o patrocínio, no caso do 104, e o equipamento digital que possibilitou a produção de filmes de baixo custo.

"Nossa programação infelizmente não se manteria somente com a bilheteria. Precisamos do patrocínio. E justamente por termos leis de incentivo é que, desse o início do projeto, em outubro, nossa intenção é exibir pelo menos 40% de filmes brasileiros", destaca o programador Daniel Queiroz.

Atraso

Ele lamenta que o boom de boas obras nacionais, especialmente independentes, não seja acompanhado pelo circuito exibidor mineiro. "Por causa do digital, estamos vivendo um grande momento do cinema brasileiro, com muitos títulos lançados. Mas os filmes não estão conseguindo estrear em Belo Horizonte", registra.

Quadro que só amplia a importância da mostra. "É muito simbólico o fato de o 104 ser um cinema de rua, no centro da cidade, e apresentar 12 longas-metragens de realizadores de Belo Horizonte, rodados aqui ou que têm uma relação direta com a capital. É uma oportunidade para conhecermos a nossa produção", assinala.

Fora do Estado

Antes do início da mostra "O Cinema de BH", que se estenderá até o dia 18, o 104 abre espaço, a partir desta quarta-feira (10), para os independentes de fora do Estado. A origem pode ser diferente, mas a situação é idêntica: sofrem do mal da falta de tela para chegar ao grande público.

"Cinema, Estética e Política" integra as atividades do "2º Colóquio Cinema, Estética e Política", realizado pela UFMG. "São filmes que trabalham a questão política de forma mais ampla e que têm uma pegada estética", detalha o programador.

Juntas, as duas mostras apresentarão, em nove dias, 21 longas brasileiros contemporâneos. Entre os destaques, estão filmes exibidos na última Mostra de Tiradentes, ocorrida em janeiro, como o vencedor "Dias com Ele", de Maria Clara Escobar", "Ventos de Valls", de Pablo Lobato, "Nas Minhas Mãos Eu Não Quero Pregos", de Cris Ventura, e "Matéria de Composição", de Sérgio Aspahan.


Serviço

Mostra "Cinema, Estética e Política" – De quarta (10) até sexta-feira (12). Sessões às 17h30, 19h30 e 21h30. Mostra "O Cinema de BH" – De sábado (13) até o dia 18. Sessões às 17 horas, 19 horas e 21 horas. Ingressos: R$ 10 (R$ 5, a meia). Praça Ruy Barbosa, 104.

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