(ALINE MACEDO/FLIARAXÁ/DIVULGAÇÃO)
Afonso Borges não tem dúvidas. Mais do que uma experiência on-line, promover a nona edição do Festival Literário de Araxá (Fliaraxá), iniciado na quarta-feira, na cidade do Alto Paranaíba, se transformou numa grande aventura.
“As plataformas que a gente utiliza não são amigáveis. Não estamos fazendo uma televisão ao vivo, onde está passando uma máquina e as pessoas seguindo atrás. São coisas completamente novas”, registra o coordenador-geral.
São mais de 100 autores, quase todos eles participando de lançamentos e debates via internet. Dedicado à língua portuguesa, há nomes que, além do Brasil, entrarão de Portugal, Moçambique, Angola, Timor Leste, São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau e Cabo Verde.
“A gente usa o streaming ligado ao Zoom, acoplado ao YouTube e que vai para o Facebook e Instagram... As pessoas acham que é só sentar atrás do computador e pronto. Temos 25 pessoas envolvidas numa espécie de ilha de TV”, afirma.
Devido às limitações da plataforma de streaming, a organização teve que se dividir entre atividades realizadas ao vivo e pré-gravadas. “É uma coragem alucinante que a gente está tendo para fazer este festival”, assinala.
Ele confessa que passou pela cabeça em adiar a edição, como outros festivais fizeram. “Estamos fazendo em prol da solidariedade, enfrentando essa encrenca com uma programação 24 horas por dia. O que estamos fazendo é inédito no Brasil e no mundo”.
Apesar destas questões, Borges avisa que o modelo antigo de festivais literários não voltará após a pandemia. “O modelo digital será parte do nosso cotidiano. Se eu puder antecipar o que será o Fliaraxá no ano que vem, posso dizer que será um híbrido”, observa.
Borges está em Araxá e revela que foi um baque ao se lembrar da edição de 2019, que teve 33 mil pessoas circulando durante o evento. “Dez, 12 mil deles eram crianças. É muito triste chegar aqui e não vê-los. Espero que, em 2021, isso se resolva”.