CINEMA

Gloria Pires protagoniza o drama policial 'A Suspeita' e prepara caminho para estreia na direção

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
Publicado em 17/06/2022 às 11:04.
<CW0>Dirigida por Pedro Peregrino, a produção põe Gloria Pires como uma policial em final de carreira que convive com problemas de memória relacionados com o Mal de Alzheimer (Paris Filmes/Divulgação)

Dirigida por Pedro Peregrino, a produção põe Gloria Pires como uma policial em final de carreira que convive com problemas de memória relacionados com o Mal de Alzheimer (Paris Filmes/Divulgação)

Em cartaz nos cinemas, “A Suspeita” marca a estreia de Gloria Pires na pele de uma policial. E também em outro papel que buscará repetir nos próximos anos, como produtora de seus próprios filmes. “Posso escolher não somente a personagem mas também usar a minha experiência em benefício do projeto”, justifica.

Entre a atriz de longas-metragens como “O Quatrilho”, indicado ao Oscar de melhor produção estrangeira em 1966, e “Se Eu Fosse Você”, comédia de grande sucesso em 2006, Gloria Pires levou quatro décadas para mudar de cadeira num set de filmagem, numa carreira marcante também nas telenovelas.

O primeiro personagem na telona foi como uma nativa em “Índia, a Filha do Sol”, de Fábio Barreto, lançado em 1981. Trabalhou novamente com o diretor em 2010, como a mãe do futuro presidente em “Lula, o Filho do Brasil”. Com o irmão Bruno Barreto, interpretou a arquiteta Lota de Macedo Soares, de “Flores Raras” (2013).

A atriz deu vida a vários personagens reais, como a que dá título ao filme “Irmã Dulce” (2014), de Vicente Amorim, e a psiquiatra Nise da Silveira, em “Nise: O Coração da Loucura” (2016), de Roberto Berliner. 

O reconhecimento veio com uma professora de violão, solitária e viciada em cigarros em “É Proibido Fumar” (2019), de Anna Muylaert, que lhe rendeu o troféu Candango de Melhor Atriz no Festival de Brasília. No ano passado, foi novamente laureada na categoria com “A Suspeita”, no Festival de Gramado.

Dirigida por Pedro Peregrino, a produção põe Gloria Pires como uma policial em final de carreira que convive com problemas de memória relacionados com o Mal de Alzheimer. Nesse período, ela assume uma das investigações mais difíceis de sua carreira, que a colocará frente a frente com colegas de delegacia.

O trabalho na produção de “A Suspeita” é um primeiro passo para o desempenho de novas funções por trás das câmeras, um desejo antigo da atriz carioca de 58 anos. Ela deverá dirigir em breve o longa “Sexa”, comédia em que viverá uma sexagenária envolvida com um homem bem mais jovem.

Lúcia me fez lembrar de alguns personagens policiais de Clint Eastwood, já bastante maduros, prestes a se aposentar, mas que conseguem mostrar o seu valor. Esse seria o perfil de sua personagem?
Passa por esse aspecto mas, na medida em que o filme se desenrola, percebemos que tem muitas camadas além dessa: por exemplo, a questão de gênero aparece bem forte – tudo o que ela abriu mão, em busca da sua realização profissional e a trama em que ela foi envolvida.

É possível prever quem está por trás dos crimes, mas o foco de “A Suspeita” não é esse, detendo-se no quebra-cabeça que se forma na mente de Lúcia por ser uma portadora do Mal de Alzheimer. Como você analisa a construção do roteiro?
Originalmente, o roteiro tinha uma estrutura convencional de filme policial, mas não trazia o ponto de vista de Lúcia sobre sua própria história – estávamos sempre “vendo” o que acontecia com ela. Minha proposta foi trazer o público para vivenciar a montanha-russa que acontece na cabeça de Lucia, o que se realizou na montagem.

Se não me engano, esse é seu primeiro filme policial. Participar deste tipo de gênero exige algum preparo – físico, inclusive? Você gosta de ver séries policiais?
Ao contrário da maioria de filmes policiais, A Suspeita é “para dentro” – as ações são internas mas, sim, tudo o que faz parte da vida de uma policial eu precisei absorver. Da leitura de “Leviatã” até a prática de tiro.

Por falar em séries policiais, na TV você protagonizou “Segredo de Justiça”, com roteiro de Thiago Dottori e direção de Pedro Peregrino, mesma dupla de “A Suspeita”. Foi daí que nasceu a ideia para o filme?
Pedro Peregrino, Thiago Dottori e eu participamos de “Segredo de Justiça” e foi nessa época que Pedro foi convidado por Luis Eduardo Soares para dirigir “A Suspeita”. Havia apenas o argumento do filme, quando Pedro me trouxe o projeto. Thiago entrou no ano seguinte, trabalhando a partir do quarto tratamento do roteiro.

Por que você resolveu participar, pela primeira vez, da produção de um filme? Podemos esperar mais investidas como essa? Direção também seria um caminho?
Havia muito tempo que eu queria produzir. Sendo produtora, posso escolher não somente a personagem mas também usar a minha experiência em benefício do projeto. Estou preparando minha primeira direção, num longa criado por Guilherme Gonzales e produzido por Giros Filmes e Audaz: “Sexa”.

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