Grupo Corpo exibe quatro espetáculos a partir desta sexta

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
16/07/2021 às 08:42.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:25
 (José Luiz/Divulgação)

(José Luiz/Divulgação)

Uma das maiores companhias de dança do mundo, o Corpo retoma as atividades para o público exatamente do ponto onde parou, em março de 2020 (início da pandemia no Brasil), quando tinha acabado de voltar de uma temporada nos Estados Unidos, onde apresentou as peças “Bach” e “Gira” diante de uma plateia entusiasmada. 

Com essa última boa lembrança na memória, foram escolhidas para integrar série de transmissões online, no canal do grupo do YouTube, com início hoje. “Elas dão um apanhado muito bom. Uma é de 1996 e a outra é recentíssima. Faz um acompanhamento do andar da carruagem de lá até aqui”, afirma o coreógrafo Rodrigo Pederneiras.

Juntam-se a elas “Parabelo” (1997) e “Suíte Branca” (2015), com o primeiro abrindo o programa, às 19h30. Após a exibição e um bate-papo ao vivo com Pederneiras e dois bailarinos, a gravação do balé ficará disponível na internet, gratuitamente, por uma semana. Depois, uma vez por mês, dará lugar a outros trabalhos.

“É difícil fazer uma seleção como essa, dentro de um repertório tão vasto como o nosso. É um pouco no olho, obviamente levando-se em consideração certas coisas”, analisa. Em comum está o fato de terem, de alguma forma, marcado história na trajetória de quase cinco décadas da companhia mineira.

“Bach” é único por apresentar momentos aéreos, em que “o cenário é feito de tubos e os bailarinos se dependuram neles, fazendo suas coreografias ali”. Pederneiras destaca ainda o fato de ter sido confeccionado por dois “alucinados” pelo compositor Bach: ele e Marco Antônio Guimarães (responsável pela trilha sonora).

“Parabelo” nasceu logo depois e foi um sucesso absoluto. “É talvez a peça mais solicitada nossa. E também a mais regional, realmente brasileira. Apesar de termos feito ‘Benguelê’, ‘Gira’ e ‘Nazaré’, ela é muito sertão nordestino, com cheiro e cor de sertão nordestino. Talvez por isso mesmo tenha sido tão marcante”.

Realizada para comemorar os 40 anos do Corpo, “Suíte Branca” traz outro ingrediente novo: pela primeira vez a coreografia é assinada por um nome que não Rodrigo Pederneiras. “A Cassi trabalhou com a gente durante 13 anos. Foi bailarina do Corpo. É quase um retorno à casa”, observa o fundador.

Por fim, “Gira” – penúltimo balé da companhia, lançado em 2017 –marca a investida do grupo na religião, por meio da umbanda. “Na verdade, é muito difícil falar dela porque a gente vê coisas que usam aquela dança afro tradicional, sem sair muito daquilo. A peça teve muita força por isso. Meu trabalho é muito baseado nos vários movimentos das entidades”. 

Companhia vai esperar volta à normalidade para estrear espetáculo, já praticamente pronto

Com trilha sonora de Paulo Tatit (do Palavra Cantada), o próximo espetáculo do Corpo já está praticamente pronto, mas só será lançado quando o grupo tiver a oportunidade de mostrá-lo no palco, ao vivo, com público presente. 

“Ficamos em dúvida se faríamos um vídeo disso, com lançamento online, mas como é uma coisa a pandemia que já está acabando, nós achamos melhor segurar para estrear no teatro”, revela Rodrigo Pederneiras.

Mesmo estreando depois, a peça é um reflexo da época em que foi reproduzida. Pederneiras adianta que, para quem está acostumado com o jeito “operístico” do grupo, com vários bailarinos em cena, terá uma surpresa.

“A gente foi obrigado a fazer um tipo de trabalho que nunca tinha feito. Fizemos tudo por distanciamento, privilegiando solos, duos e trios. Só há um momento em que há seis pessoas, mas estão bem separadas”, revela.

Movimento clássico do balé, o “Pas-de-deux” (passos para dois, em português) foi realizado porque Pederneiras se valeu de três casais. “Como moram juntos, aí pode. Em relação aos demais, ninguém se toca ou se encosta”, explica.

O espetáculo também exigiu mudanças na trilha sonora, mas nada relacionado à pandemia. Ao escolher Tatit para o trabalho, Pederneiras pediu para retirar as letras e harmonia tipicamente infantis do Palavra Cantada.

“Ele usou o que já tem, mas somente as bases, que são muito fortes. Deu muito certo pegar a música e transformar em outra coisa, mesmo ela já existindo”, avalia o coreógrafo, que não vê a hora de apresentar o novo trabalho.

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