DANÇA

Grupo do Palácio das Artes leva questões do feminino para o centro do palco

Da Redação
Publicado em 19/07/2022 às 19:32.
lalangue é um termo francês que determina as primeiras tentativas de comunicação não organizada entre um bebê e sua mãe (Paulo Lacerda/Divulgação)

lalangue é um termo francês que determina as primeiras tentativas de comunicação não organizada entre um bebê e sua mãe (Paulo Lacerda/Divulgação)

Dando continuidade às celebrações dos 50 anos da Cia. de Dança Palácio das Artes (CDPA), o corpo artístico leva de volta ao palco do Grande Teatro, de quinta a sábado, às 20h30, o espetáculo "lalangue: carta à mãe", com direção de Morena Nascimento. A coreografia se estrutura a partir de um processo de pesquisa que traz as inquietações femininas acerca do mundo contemporâneo como ponto de partida para a criação dos bailarinos, coautores da montagem. Os ingressos custam R$ 20 (R$ 10, a meia)

lalangue: carta à mãe propõe um olhar para o feminino como tema central da criação. Por meio de um processo de investigação, os bailarinos criaram uma coreografia que tem como base os diferentes manifestos artísticos que podem surgir a partir de uma visão universal do feminino.  

A expressão que dá nome à montagem indica as referências que permeiam o trabalho. Na psicanálise, lalangue é um termo em francês que determina as primeiras tentativas de comunicação não organizada e não estruturada entre um bebê e sua mãe ou, em sentido mais amplo, trata-se do saber inconsciente, aquele que, segundo Lacan, escapa do ser falante e, portanto, sabe-se sem saber; aquele que marca o corpo com significantes, sem a mediação da significação.

Para Morena Nascimento, o espetáculo parte de um desejo de reinventar uma linguagem para o corpo e suas relações com o espaço, com os outros, com a própria mãe, entre outros detalhes. “Eu propus aos bailarinos que fizessem o exercício de imaginar o mundo regido por outras leis, leis do feminino”, explica Morena.

A diretora levantou algumas questões que ajudaram na criação coreográfica de lalangue: carta à mãe. No processo criativo, o coletivo se deparou com algumas provocações da diretora, entre elas: Quais as urgências do corpo hoje? O que podemos produzir a partir da dor? Intuição é uma forma de raciocínio? Quem é minha mãe e qual relação estabeleço com ela? O que é minha primeira referência de feminino? Onde e quando ainda usamos instinto como forma de sobrevivência, seja física, emocional, espiritual? O que seria um manifesto do feminino?

O espetáculo  tem, em um momento ou outro, um certo tom sarcástico direcionado aos modelos pré-estabelecidos e impostos ao universo feminino. O figurino, por exemplo, é uma criação do bailarino Pablo Ramon e remete às variações da cor rosa, passando por vários tons até chegar ao vermelho. Já a iluminação, a cargo de Marina Antuzzi, também usa a mesma paleta de cores, criando uma unidade entre as vestimentas, os bailarinos e o palco. A trilha sonora é uma costura feita pela própria diretora, em que as vozes femininas assumem papel de destaque, tanto em bases eletrônicas quanto em sonoridades poéticas. Além disso, Morena Nascimento optou por utilizar ora sons sintéticos e eletrônicos, ora mais líricos e melódicos.

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