Grupo Galpão estreia peça radiofônica 'Quer Ver Escuta'

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
10/07/2021 às 11:26.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:23
 (GRUPO GALPÃO/DIVULGAÇÃO)

(GRUPO GALPÃO/DIVULGAÇÃO)

Com a saturação de eventos culturais mediados por telas, ligando o artista ao público, o grupo Galpão resolveu que estava na hora de dar um descanso aos olhos e discutir a necessidade de saber ouvir, especialmente num momento de radicalização de discursos. É com este pensamento que nasce a primeira peça radiofônica da trupe.

“Nosso desejo é dialogar com esse lugar da escuta, de pensar que o ouvinte vai ter que usar a imaginação para poder entender o que está sendo proposto ali”, registra Marcelo Castro, que assina ao lado de Vinícius de Souza a direção de “Quer Ver Escuta”, que será lançada neste sábado (10), às 21h, na rádio Inconfidência.

Diferentemente das antigas radionovelas e da maioria dos podcasts de ficção, não se trata de uma história linear. A característica inovadora do Galpão se faz presente, com um trabalho que, de acordo, com Castro, “traz várias histórias bem fragmentadas, algumas reais e outras ficcionais, que vão se fundindo numa espécie de colagem”.

O que liga essas tramas é o trabalho em torno da poesia brasileira contemporânea, a partir de nomes como Alberto Pucheu, André Dahmer, Angélica Freitas, Júlia Panadés, Prisca Agustoni e Ricardo Aleixo. O título da peça, por sinal, é uma referência a um poema do escritor mineiro Francisco Alvim.

O flerte com a poesia veio com os ensaios para uma peça homônima que estrearia em março de 2020. “Veio a pandemia e continuamos trabalhando com essas ideias, só que a gente reinventou tudo. Para fazer a peça radiofônica, não usei os mesmos textos. São  outros poetas, que nos ajudam a tentar responder a esse novo contexto tanto do Brasil quanto do mundo”, explica o diretor.

Ele conta que o processo foi muito desafiante, já que o isolamento social foi seguido à risca. Ensaios, somente em casa e pela telinha do computador. “Antigamente, quando as pessoas gravavam uma coisa desse tipo, colocavam todo mundo no estúdio e tudo era criado ao vivo. Agora cada um teve que criar de sua casa”.

Desses encontros virtuais saíram vários programas de rádio, entrevistas, diários e registros de paisagem sonora. “Os atores usaram até o armário da área de serviço como estúdio. Foi um desafio e um jeito de inventar mesmo. A gente não sabia como fazer isso, sabe?”, assinala. Parte desse processo pode ser visto no filme “Éramos um Bando”, lançado no ano passado.

Para Castro, o resultado é um “teatro para os ouvidos”, uma forma de “a pessoa fruir um pouco de uma experiência artística pela escuta, esse sentimento que a gente tem deixado meio em segundo plano”.

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