Hermínio Bello de Carvalho compartilha memórias

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
26/07/2015 às 10:59.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:05
 (André Conti/Flip/Divulgação)

(André Conti/Flip/Divulgação)

O nome Hermínio Bello de Carvalho pode até não ser tão familiar assim à grande massa da população brasileira, mas quem transita pelo universo da música não demora frações de segundo para associa-lo à figura de cabelos cacheados, já há algum tempo grisalhos, que vem prestando bom serviços à MPB há décadas.

Pontos muito interessantes da trajetória deste carioca – que em março último completou 80 anos – são colocadas em repasse no livro “Taberna da Glória e Outras Glórias – Mil Vidas Entre os Heróis da Música Brasileira” (Edições de Janeiro, 224 páginas), organizado por Ruy Castro.
 
MEMÓRIAS
Em meio a um projeto gráfico de se tirar o chapéu, com direito a uma parte final recheada de fotos – em P&B, que o mostram ao lado de lendas como Maysa (1936 – 1977) ou Sarah Vaughan (1924 – 1990 –; Hermínio compartilha com o leitor, por exemplo, ponderações sobre gente do naipe de Pixinguinha (1897 – 1973). Nele, diz Hermínio, “jamais surpreendi uma inveja, por menor que fosse, muito menos rancor ou mesquinhez ou o mínimo vestígio de qualquer sentimento ruim que viesse macular a sua fama de santo homem ou, se preferirem, homem de apenas pecados essenciais”. Sobre Clementina de Jesus (1901 – 1987), ele conta que ao conhecê-la, em 15 de agosto de 1963, sentiu “que acabava de acontecer algo importante” em sua vida.
 
Mar de Veneno
O capítulo dedicado a Dalva de Oliveira (1917 – 1972) tem título instigante: “Mar de veneno”. “Ela desviveu assim: a palavra amor rebrilhando na alma, a boca eternamente azeda para a vida”.Aqui, temos uma construção frasística que exemplifica bem o quanto Carvalho também transita com desenvoltura pela escrita (e pela poesia): “Ela canta as coisas mais simples do cotidiano. Igual a Piaf ou a Billie Holiday, se lixa e se crispa e se carboniza nos espinhos da canção, comparece de rosto esbofeteado perante as pequenas ou grandes comoções que, bem ou mal, fazem parte do nosso desintegrante mundo”.
 

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