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Homens que abraçaram a paternidade dão exemplo neste Dia dos Pais

Thais Oliveira
taoliveira@hojeemdia.com.br
12/08/2016 às 19:32.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:20

(Giselle Sauer / Divulgação)

Marcos Piangers, de 36 anos, não tinha a pretensão de virar uma referência para outros pais nas redes sociais. No meio do caminho, no entanto, chegou Anita. Logo o escritor e jornalista começou a escrever sobre essa “interessante e assustadora” experiência e, como inúmeras mães, passou a compartilhar na web as descobertas com o bebê. Tornou-se um fenômeno na internet, inspirando outros pais blogueiros igualmente orgulhosos de não lembrarem em nada aquela figura paterna ausente na criação dos filhos. “O homem moderno é mais participativo. Isso não tem a ver com a idade dele, mas, sim, com o nosso tempo”, afirma Piangers.
 
Um exemplo do maior envolvimento dos pais está nas reuniões escolares, diz. “Os homens dão opinião e se mostram engajados na criação dos filhos. Quando assumi esse papel participativo, percebi que eles se identificavam e pensavam: ‘Pô, vou fazer isso também’ ou ‘Legal, tem outro cara como eu’”.

A postura de Piangers fez do livro “O Papai é Pop” (Belas Letras, 2015), escrito por ele, um best-seller. Já são mais de 100 mil exemplares vendidos. A página no Facebook tem mais de 500 mil curtidas, e vídeos produzidos especialmente para outros papais de plantão já bateram os 30 milhões de views. Além de Anita, hoje com 11 anos, o escritor é pai de Aurora, de 4, que também inspira as publicações. Este ano, lançou “O Papai é Pop 2”, sucesso de público. No embalo, a mulher dele, Ana Cardoso, escreveu “A Mamãe é Rock”.

Na linha
Apesar da “cara meio maluca”e do jeito descolado, palavras que usa para descrever a si mesmo, Piangers admite ser um pai cuidadoso. “Prestar atenção nelas (filhas) é o segredo. Se estão fofinhas, podemos brincar, ir à praia. Se estão mal-educadas, é hora de conversar sério e discutir sobre aquilo. Saímos da geração de pais dos anos 80, mais distantes, que só se preocupavam em pagar as coisas, para uma mais participativa, que sabe que é trabalhoso educar e ensinar aos filhos”. 

Dono do blog “Papo de Menino” e colunista da revista “Canguru”, o jornalista Eduardo Ferrari, de 48 anos, é outro pai que não abre mão da disciplina. “Sou rigoroso, porque tem que ter rotina: hora para dormir, estudar, jogar videogame”. Wesley Rodrigues Meio a meio – “Tentamos equilibrar as tarefas”, diz Ferrari sobre as responsabilidades dele e da mãe dos filhos 

Pessoa melhor
Pai de Pedro, de 12 anos, e de Gabriel, de 8, Ferrari diz ter se tornado uma pessoa melhor com a paternidade. “Sou muito mais tolerante em relação às necessidades da criança e até mesmo com a sociedade. Ter filhos é uma oportunidade de melhorar como ser humano, porque é preciso ser um modelo para eles”. 

Ferrari conta que até se preparou para a paternidade, desde o nascimento das crianças. “Li muito a respeito, mas cheguei à conclusão de que não existe manual. Às vezes, tenho discussões com o pré-adolescente. Não sou um pai perfeito, mas busco ter carinho e afeto e respeitar a individualidade de cada um”.

Pais assumem desafios que vão além de fazer rir
Dar uma “forcinha” na criação do filho de 6 anos jamais passou pela cabeça do redator publicitário Rafael Noris, de 27. Nem poderia. Pai solteiro, ele assume, com muito gosto, tudo o que diz respeito a Miguel desde que o menino tinha seis meses. “De lavar roupa a caçar Pokémon juntos, de apontar lápis de cor a levar ao teatro no fim de semana”, orgulha-se. 

 Bruna La Serra / DivulgaçãoMiguel – “A paternidade ativa é assustadora, é muita responsabilidade criar um filho sozinho, mas é empolgante e gratificante também”, diz Noris

De lá para cá, pai e filho enfrentaram muitos desafios. Os maiores, nas “primeiras vezes”, diz o publicitário. “A primeira vez que passei um fim de semana sozinho com ele; a primeira vez que o deixei viajar sozinho com os avós; o primeiro dia na escolinha; o dia em que sai da casa dos meus pais e vim morar com ele em outra cidade”. Parte das experiências está no blog Família Palmito, fundado por Noris em 2010. 

“A ideia inicial era compartilhar com parentes e amigos que moravam longe a forma como o meu filho estava se desenvolvendo, as nossas descobertas, dificuldades e alegrias”, conta. O espaço foi crescendo e, atualmente, engloba também dicas. Sem falar que permite a interação com outros pais na mesma situação de Noris.

“Queria ser pai, mas não tão cedo, não no último ano de faculdade e sem nenhuma estabilidade financeira. Foi uma gravidez acidental e uma mistura de sentimentos, medo e empolgação, pavor e alegria. Mas, a partir desse susto, as coisas entraram na linha e fui assumindo, cada vez melhor, o papel de pai”.

Desajeitado
O professor de Cinema da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) Andre Fratti Costa, de 44 anos, é outro com muita história para contar. Fundador da fanpage “Eu com Elas: um pai separado e duas pequenas mulheres”, ele é pai da Maria Fernanda, de 7 anos, e de Mariana, de 6. 
“Falo do cotidiano com elas e de memórias de quando eu era pequeno, numa ligação com a minha experiência paterna”, conta.Carla Formanek / DivulgaçãoMaria Fernanda e Mariana – “Foi do meu desajeito com elas que surgiram as reflexões que compartilho no Facebook”, diz Costa

Costa lembra, por exemplo, da estreia das meninas no balé. “Olhei para o collant e pensei: ‘não é possível uma cabeça entrar numa gola tão pequena’. Depois de, enfim, vesti-las, a Mariana quis fazer xixi e eu disse: ‘não faça xixi!’. Acabou arrancando a roupa dela toda de novo e a Mariana não dançou porque não fiz o coque”. 

Mas todo aperto valeu a pena, diz Costa. “Se não fosse minha condição de separado, será que eu estaria empenhado para aprender a criá-las? Sou mais atento hoje”, conclui. 

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