(MARIANA VIANNA/GLOBO FILMES/DIVULGAÇÃO)
“Cala a boca, Magda!”. Dezessete anos depois que o último episódio do programa humorístico “Sai de Baixo” foi ao ar, na Rede Globo, o bordão de Caco Antibes (Miguel Falabella), dirigido à esposa vivida por Marisa Orth, pode ter outra interpretação em tempos de empoderamento das mulheres. “Os personagens já existiam desta forma. Não poderia modificar. Chega um momento em que temos que optar: faço o ‘Sai de Baixo’ de verdade ou não?”, observa a diretora Cris D’Amato, já antevendo alguma polêmica sobre gêneros para a versão para tela grande do programa, que estreia hoje nos cinemas. Mas, dentro do universo da personagem, Magda terá o seu momento de empoderamento no filme, garante a cineasta, que antes havia realizado cinco comédias protagonizadas por mulheres – “Confissões de Adolescente”, “Linda de Morrer”, “É Fada!” e os dois “S.O.S.: Mulheres ao Mar”. Não por acaso, diz ela, o filme é “todo resolvido” pela parte feminina. “É natural. A gente acaba puxando a sardinha”, salienta Cris. O que também vale para “Os Parças 2”, que ela acaba de dirigir e que tem também Tom Cavalcante no elenco. “São quatro homens de alma feminina”, diverte-se.
Em “Sai de Baixo: O Filme”, Cavalcante retorna ao papel do porteiro Ribamar, um dos participantes das confusões de uma família disfuncional. “Ribamar foi um presente na minha vida, é um prazer retomá-lo 20 anos depois. Com ele tive a oportunidade de exercitar e por em prática tudo o que eu tinha de humor”, registra o ator. Quarta paredeCavalcante, que havia saída na quarta temporada do programa devido a divergências, observa que a ordem foi “quebrar a quarta parede” e atuar aos moldes do que feito na TV. “Depois de tanto tempo, a preocupação com como iríamos interagir e se teríamos a mesma pegada acabou logo no começo”, salienta. Para ele, o programa criado em 1995, por Luis Gustavo e Daniel Filho, é um marco na comédia brasileira. “Ele precisava ser eternizado nas telas. Miguel foi feliz ao dizer que ‘Sai de Baixo’ é o ‘Chaves’ brasileiro. A fórmula dessa família maluca é inigualável”, assinala. Cavalcante observa que teve muita liberdade para improvisar, uma das características do programa, em que os atores muitas vezes paravam para rir de seus erros e da atuação dos colegas. “Descambei junto com eles”, brinca a diretora. “Deixei acontecer para ver até onde iriam”, revela. Ela prefere dizer que “orquestrou” o elenco, no lugar de “dirigiu”. Lembra que, como os atores estavam envolvidos com outras atividades, em quatro semanas e meia de filmagens só pôde com todos juntos nas quartas-feiras. “Complicado? Foi. Impossível? Jamais”, afirma.