
Maior muséu a céu aberto da América Latina, o Instituto Inhotim inaugura, neste sábado (28), terceira configuração da exposição monográfica “Esconjuro”, de Paulo Nazareth. Apresentada desde abril de 2024, a mostra é concebida como um processo contínuo, em quatro movimentos ligados às estações do ano: outono, primavera, inverno e verão. A cada nova fase, o artista propõe reformas nos espaços expositivos da Galeria Praça e em áreas externas do museu, mobilizando diferentes obras, formas de montagem e relações com o território.
Após as versões de outono (abril a novembro de 2024) e primavera (novembro de 2024 a junho de 2025), chega o momento do inverno, quando o corpo pede recolhimento, seja para abrigar-se do frio, seja em busca de quietude e contemplação. Nessa cadência, Paulo Nazareth convida o público a um olhar mais aprofundado, ora para si, ora para diferentes camadas da história.
Ao reorganizar o conjunto de obras, o artista revela ruínas, reelabora símbolos e evidencia fronteiras, materiais e imateriais, que persistem ao longo do tempo. Passado, presente e futuro entrelaçam-se em uma espiral contínua, para que memória e apagamento coexistam.
Resgate da memória de lideranças indígenas e negras
Dentre os trabalhos apresentados nesta fase está “Medals of honor", uma coleção de medalhas idealizadas pelo artista para laurear a memória de lideranças indígenas e negras.
A obra “Mitologia modernista” (2025) também passa a integrar a exposição. Trata-se de um desdobramento da série “Produtos de genocídio”, iniciada por Nazareth em 2010. Nas peças, o artista cristaliza produtos comerciais que carregam nomes de povos e culturas ancestrais, utilizando uma resina sintética que mimetiza o âmbar para preservar os objetos como cápsulas temporais.
Como nova obra externa da estação, “Obra y trabalho” (2024–2025) será instalada no Eixo Laranja de visitação, próximo à obra “Palm Pavilion” (2006-2008), de Rirkrit Tiravanija. Construída com andaimes — estrutura comumente associada a labores exaustivos — a instalação propõe um lugar de descanso, onde redes são instaladas sob sombra. A obra adiciona à exposição o tempo do descanso, ressignificando o gesto do trabalho em contraste com sua condição habitual.
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