Iron Maiden volta a São Paulo e surpreende pelo vigor renovado

Estadão Conteúdo
Hoje em Dia - Belo Horizonte
27/03/2016 às 18:33.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:40
 (Juliana Flister/Agencia i7/Mineirao)

(Juliana Flister/Agencia i7/Mineirao)

foram apresentadas no Allianz Parque, na noite de sábado, 26. 

O Iron Maiden não entrou com o jogo ganho. E, para uma banda com mais de quatro décadas de estrada, é uma atitude louvável. Não precisou apelar para os seus craques, de discos como Fear of The Dark, Powerslave, Piece of Mind e a estreia Iron Maiden. Investiu tudo o que tinha em Book of Souls, um álbum que resgata justamente todas as virtudes do Iron - sim, sou da geração que chama a banda assim, anterior àqueles que os denominam carinhosamente de Maiden. 

"Último show no Brasil. Guardar o melhor show para o final", disse o vocalista Bruce Dickinson, ao final da segunda música, Speed of Light, single do novo disco. É um caso para ser estudado, aliás. Aquele da banda que ainda arrasta multidões, mas busca novas e eficientes maneiras de usar a própria fórmula.

As três guitarras conversam como velhos amigos na mesa do bar. Sem a necessidade formalidades, Dave Murray, Adrian Smith e Janick Gers trocam bases por solos, riffs por conduções em três tempos, enquanto jogam as cabeleiras para cima e para baixo, colocam as pernas em cima dos amplificadores como bailarinas. Bailarinas do Heavy Metal, não entenda mal.

do seu baixo impiedosamente. 

Book of Souls é o Iron Maiden contemporâneo ao extremo. Enquanto dialoga com os mitos da morte nas culturas indígenas da América Latina, ele se conecta com o presente. Com a sensação da morte próxima que chega a cada novo atentado, a cada nova declaração de ódio ao próximo. 

"São muitos os conflitos no mundo de hoje", diz Dickinson. "É só assistir aos noticiados na televisão. E essas situações que afetam pessoas que não ligam para religioso e para os impérios que ainda existem. Essa próxima música nasceu de uma observação, algo que notamos há muito tempo aliás. E o que aprendemos com os impérios no passado? Não importa o quão grande eles são. Novos impérios vão sempre se elevar. Mas eles sempre vão tombar." 

Veio Book of Souls, faixa mais representativa do álbum mais recente, não por acaso aquela que lhe deu o nome. Surgiu também o Eddie, gigantesco zumbi que é o símbolo da banda. Ele surgiu como um indígena antigo, sem cabelos e corpo pintado de cor branca. Sua aparição é costumeira é sempre esperada, mas isso não quer dizer que não seja divertido ver aquela figura de quase três metros de altura perambulando pelo palco ao lado dos integrantes do grupo. 

Nenhuma presença, contudo, se compara a de Dickinson. São poucos os vocalistas no rock mundial que, mesmo sem exercerem a função de líder de uma banda, são tão essenciais. Dickinson é uma máquina de gritos e falsetes. De agudos ardidos, mas sem exageros. E grande parte desse renascimento do Iron Maiden se deve a ele. Depois de lutar e vencer um câncer, o vocalista voltou à banda, sem deixar que a melancolia da proximidade da morte o afetasse.

Curioso como nem mesmo o Iron Maiden, conhecida como uma das poucas bandas internacionais a ter uma legião de fãs tão fervorosa e presente, escapa da maldição dos smartphones. Basta um clássico surgir, como Fear of The Dark ou Number of The Beast, para que uma legião de aparelhos seja levantada. Reclamou-se disso durante a passagem dos Rolling Stones por aqui, mas uma performance do Iron é envolvimento e entrega, não um evento social, muito menos algo que deve ser aproveitado apenas pelas telas de algumas polegadas dos celulares.  

vivo do que nunca. 

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