Jean Cocteau ganha mostra no Cine 104

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
Publicado em 26/05/2015 às 08:05.Atualizado em 17/11/2021 às 00:12.
 (Divulgação)
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Quase 70 anos após a sua publicação na França, a autobiografia “A Dificuldade de Ser” – obra essencial para compreender a trajetória e o pensamento do controverso artista vanguardista francês Jean Cocteau (1889-1963) – ganha a sua primeira versão em português, com lançamento nesta terça-feira (26) no Cine 104.

Esse reconhecimento tardio ao mestre surrealista tem origens mineiras, com a parceria da editora Autêntica e de Wellington Costa, coordenador pedagógico da Aliança Francesa em Belo Horizonte e tradutor dessa edição que já é considerada, segundo ele, “a mais bem-cuidada em todas as línguas”.

A versão brasileira recebeu o aval do Comitê Jean Cocteau, responsável pelos direitos de todas as obras do artista, que louvou a iniciativa em seu site e nas redes sociais. Motivo suficiente para, além do lançamento, promover uma mostra em Belo Horizonte dedicada a Cocteau, com filmes e debates.

Multimídia

O interesse de Wellington em publicar o livro nasceu quando ele se viu obrigado a traduzir “A Dificuldade de Ser” como parte de sua pesquisa para a tese de mestrado “Jean Cocteau: A Construção do Eu no Cinema, na Literatura e no Desenho”, defendida na Faculdade de Letras da UFMG, há dois anos.

“Essa obra sintetiza a multiplicidade de talentos de Cocteau, que trabalhou no cinema, nas artes plásticas, na dança e na literatura. Além de fazer um autorretrato, ele traça um perfil de artistas fundamentais do início do século 20, como Nijinsky, Charles Chaplin e Stravinski”, observa.

Apesar do longo hiato que separa a publicação original dessa versão, Wellington destaca que “A Dificuldade de Ser” é uma obra bastante atual, ao resumir todas as tentativas dos artistas contemporâneos em direção à multilinguagem, transitando em várias artes.

O tradutor assinala que, já no primeiro romance de Cocteau, “Le Potomak”, de 1919, esse caráter fragmentário se faz presente, usando, por exemplo, desenhos como peças narrativas e não meramente como ilustrações. “É inovador até para os romances de hoje”.

“LE POTOMAK”

Na abertura da Mostra, além do lançamento do livro, serão exibidos a ficção “A Bela e a Fera” (1946) e o documentário “Cocteau et Compagnie” (2003).

Wellington ministrará as palestras: “A dificuldade de ser e outras artes” e “Jean Cocteau: da vanguarda francesa ao cinema contemporâneo”, respectivamente na quinta e sexta, na UFMG. Ele adianta que outra obra de Cocteau está a caminho, com a tradução de “Le Potomak”, prevista para 2016.

 

Jean Cocteau ganha mostra no Cine 104
 

“A Bela e a Fera” – Versão de 1946 será exibida esta noite, na abertura da Mostra (Foto: Divulgação)

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