José Israel Abrantes traduz em livro a sua paixão por cidades históricas

Pedro Artur
24/06/2014 às 06:41.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:07
 (José Israel Abrantes/Divulgação)

(José Israel Abrantes/Divulgação)

O olhar detecta a imagem e a lente da câmera fotográfica registra, com precisão e sensibilidade, obras barrocas das cidades de Ouro Preto, a antiga “Vila Rica”; de Mariana, primeira cidade do estado; de Sabará... E prossegue por Diamantina, pelo Serro, por São João del-Rei, Tiradentes e Congonhas do Campo, onde não há quem não se deslumbre com os Profetas do mestre Aleijadinho.

Parte desse trabalho, realizado pelo fotógrafo mineiro José Israel Abrantes, é transportado agora para o formato livro, em três volumes: “Tesouros de Minas: Ouro Preto, Mariana, Sabará” (128 páginas), “Tesouros de Minas: Diamantina e Circuito dos Diamantes, Serro” (104 páginas) e “Tesouros de Minas: São João del-Rei, Tiradentes, Congonhas” (112 páginas), chancelados pela Autêntica Editora.

Além das fotos, cada volume inclui textos contextualizando imagem à história das cidades, assinados pelo jornalista Mauro Werkema. A edição é bilíngue, e cada livro (no formato 22 X 30) comercializado a R$ 39. 

Graduado em Comunicação Visual pela Universidade Mineira de Arte e fotógrafo profissional desde os anos 1980, José Israel Abrantes se diz um apaixonado pelos temas “cidades históricas”, “arte” e “arquitetura”. Justamente por isso, ressalta a necessidade de preservar a memória desse rico acervo mineiro e brasileiro. “É uma viagem que venho fazendo há muito tempo, fotografo antes mesmo da história da Estrada Real. A cidade de Ouro Preto, por exemplo, é um charme quando acorda de madrugada, por volta das 5h. Então, procuro ter esse olhar sobre o barroco, essa preciosidade de nossas cidades históricas”, diz ele, que se confessa preocupado com o crescimento rápido (e por vezes desordenado) dessas cidades. “É importante manter essa memória histórica brasileira barroca do século 18”, avisa. 

Lembranças de outros tempos

Atualmente com 56 anos de idade, o “belo-horizontino” (na verdade, nasceu em Malacacheta, mas veio para a capital mineira com apenas dois anos de idade; portanto, não tem muitas lembranças de sua terra natal) José Israel Abrantes já publicou outros títulos no mercado editorial, inclusive sobre a hoje chamada “Estrada Real”; mas diz nutrir um carinho especial por este projeto – a data de lançamento com sessão de autógrafos em Belo Horizonte está para ser definida.

E boa parte das fotografias que agora compõem os três volumes de “Tesouros de Minas”, conta ele, foram feitas há cerca de 30 anos, mas, claro, há um montante considerável de cliques mais recentes, inclusive tirados dos últimos dois anos para cá – principalmente os referentes a instituições museológicas. 

“Na verdade, sempre gostei das cidades históricas mineiras – muitas delas, inclusive, conheci bem antes desse ‘boom’ todo registrado nos últimos anos, e, portanto, foi possível flagrar o charme daquela época, quando ainda havia poucos carros nas ruas”, pontifica o fotógrafo.

Tiradentes seria um bom exemplo. “Há uns bons anos, nos anos 80, podemos dizer, era meio que uma cidade-fantasma. Hoje, com a realização dos vários festivais (como o de Gastronomia ou o de Cinema) ali, a realidade é outra”, diz, referindo-se ao fato de a cidade ter se tornado um pólo turístico disputado, que vem atraindo não só um público oriundo de todo o Brasil – do Oiapoque ao Chuí –, como também estrangeiro, em um volume considerável. 

“Ouro Preto é outro exemplo”, diz, referindo-se ao incremento da população estudantil. Desafiado a localizar alguma região menos “afetada” pelo progresso decorrente do turismo, ele cita a de Diamantina, “que tem tanto a questão do barroco quanto a da natureza muito fortes, com locais como o Pico do Itambé, a Gruta do Salitre e o Caminho dos Escravos”, salienta José Israel, que em 2006 faturou o Prêmio Jabuti com “Os Caminhos do Ouro e a Estrada Real” (organização de Antônio Gilberto Costa, Editora UFMG; Kapa Editorial Lisboa, 2005).

Aos risos, José Israel se esquiva de dar detalhes sobre alguns problemas que teria enfrentado em sua empreitada (“tive que ter muito jogo de cintura”). Mas o fotógrafo fica sério ao enfatizar o impacto que a força da fé, conferida in loco, teve em sua pessoa. “Presenciei, por exemplo, um senhor, com o filho, que foi marcar uma missa para a esposa, morta há muitos anos. Era a única forma de homenageá-la. A fé, as igrejas, são um alento para muitos, é comovente. E tem toda a tradição e a história dos sinos, que é muito bonita”. 

Lembranças de outros tempos

Atualmente com 56 anos de idade, o “belo-horizontino” (na verdade, nasceu em Malacacheta, mas veio para a capital mineira com apenas dois anos de idade; portanto, não tem muitas lembranças de sua terra natal) José Israel Abrantes já publicou outros títulos no mercado editorial, inclusive sobre a hoje chamada “Estrada Real”; mas diz nutrir um carinho especial por este projeto – a data de lançamento com sessão de autógrafos em Belo Horizonte está para ser definida.

E boa parte das fotografias que agora compõem os três volumes de “Tesouros de Minas”, conta ele, foram feitas há cerca de 30 anos, mas, claro, há um montante considerável de cliques mais recentes, inclusive tirados dos últimos dois anos para cá – principalmente os referentes a instituições museológicas.

“Na verdade, sempre gostei das cidades históricas mineiras – muitas delas, inclusive, conheci bem antes desse ‘boom’ todo registrado nos últimos anos, e, portanto, foi possível flagrar o charme daquela época, quando ainda havia poucos carros nas ruas”, pontifica o fotógrafo.

Tiradentes seria um bom exemplo. “Há uns bons anos, nos anos 80, podemos dizer, era meio que uma cidade-fantasma. Hoje, com a realização dos vários festivais (como o de Gastronomia ou o de Cinema) ali, a realidade é outra”, diz, referindo-se ao fato de a cidade ter se tornado um pólo turístico disputado, que vem atraindo não só um público oriundo de todo o Brasil – do Oiapoque ao Chuí –, como também estrangeiro, em um volume considerável.

“Ouro Preto é outro exemplo”, diz, referindo-se ao incremento da população estudantil. Desafiado a localizar alguma região menos “afetada” pelo progresso decorrente do turismo, ele cita a de Diamantina, “que tem tanto a questão do barroco quanto a da natureza muito fortes, com locais como o Pico do Itambé, a Gruta do Salitre e o Caminho dos Escravos”, salienta José Israel, que em 2006 faturou o Prêmio Jabuti com “Os Caminhos do Ouro e a Estrada Real” (organização de Antônio Gilberto Costa, Editora UFMG; Kapa Editorial Lisboa, 2005).

Aos risos, José Israel se esquiva de dar detalhes sobre alguns problemas que teria enfrentado em sua empreitada (“tive que ter muito jogo de cintura”). Mas o fotógrafo fica sério ao enfatizar o impacto que a força da fé, conferida in loco, teve em sua pessoa. “Presenciei, por exemplo, um senhor, com o filho, que foi marcar uma missa para a esposa, morta há muitos anos. Era a única forma de homenageá-la. A fé, as igrejas, são um alento para muitos, é comovente. E tem toda a tradição e a história dos sinos, que é muito bonita”. 

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