Jukebox From Hell lança novo álbum nesta quarta-feira: confira a entrevista com o líder Pê Ribeiro

Thiago Prata
@ThiagoPrata7
09/06/2021 às 08:59.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:07
 (Divulgação/Jukebox From Hell)

(Divulgação/Jukebox From Hell)

Natural de João Pinheiro, na Região Noroeste de Minas Gerais, o baixista Pê Ribeiro está há mais de três décadas carregando a bandeira do rock. Em seu currículo como músico, estão bandas como Casa Bizantina, The Not Yet Famous Blues Band, Jukes, HC137 e tantas outras. Mas é com o Jukebox From Hell que ele vem alcançando vários feitos nos últimos anos.

Radicado em Goiânia, Pê montou o Jukebox com a proposta de destilar um rock direto, influenciado por instituições como AC/DC e Kiss, com nuances de blues e heavy metal. Após dois álbuns reconhecidos pelos fãs do estilo, “Destemperado” (2017) e “Eu, Deus e o Rock And Roll” (2019), a banda goiana regressa com “A Saga do Terceiro Irmão”, lançado nesta quarta-feira (9) nas plataformas digitais.

Na entrevista a seguir concedida ao Hoje em Dia, o baixista nos fala sobre o processo de composição do novo disco que, de certa forma, fecha uma trilogia e carrega um tom emotivo que se completa ao empolgante som do rock’n’roll que emana de suas canções.

Pê, nos fale como foi o processo de composição que culminou em “A Saga do Terceiro Irmão”. E quem acompanha o Jukebox From Hell atualmente? O que cada integrante agregou ao álbum?
O processo de composição começou com um conceito. Tive um sonho em que eu estava escalando um penhasco, umas escadas 'magricelas', e quando cheguei ao topo desse penhasco, havia um cemitério, um grande cemitério. Coisa de filme. De longe eu vi um vulto, fui chegando perto dele, e quando dei por mim era o tinhoso me aguardando nesse cemitério. O cara me deu as boas-vindas, dizendo que precisava me mostrar um túmulo. Olhei lá dentro, e lá estava meu irmão, o Rodrigo ‘Rock’ Ribeiro, que é o personagem principal dessa saga. E o tinhoso disse que tinha um trato a fazer comigo, que traria meu irmão de volta, mas que eu teria que indicar outro irmão para ficar no túmulo. Acordei molhado de suor desse sonho. E a partir desse sonho escrevi o roteiro da saga. Me deu esse insight de escrever um conceito da vida e morte desse meu irmão. A gente o perdeu num acidente automobilístico em 1993. Peguei alguns riffs e comecei o roteiro. Comecei a passar os riffs ao Rodrigo Beckman (guitarrista) para arranjar as guitarras base. O processo de composição sempre é feito dessa forma, eu componho a canção, às vezes com algum riff, e passo para ele sintetizar na guitarra base. Depois veio outro processo com os outros músicos, o Oscar Jayme (baterista) e o Hector Grecco (guitarrista). O Hector traz influências de blues com ele. Então esse álbum tem essa veia muito forte. Uma das formações mais fortes do Jukebox From Hell. Acho que “A Saga do Terceiro Irmão” é um dos discos que sintetizam muito o amadurecimento natural do rock’n’roll do Jukebox From Hell.

E como foi para você encerrar essa trilogia que é bem rock’n’roll e também bastante emocional?
Sim, de certa forma é uma trilogia, apesar de não ter sido preparada dessa forma. Mas há personagens neste disco que já estavam presentes nos dois anteriores, como a dama de preto, a dama da sorte, o velho padre, o destemperado... De certa forma, esse tema que está em “A Saga do Terceiro Irmão” já vinha sendo desenvolvido, não como uma coisa conceitual. O tema explodiu com o sonho ruim que tive e foi o estopim para eu criar coragem de escrever a respeito desse tema no novo disco. Algo que sempre me incomodou demais. Perder um ente querido já é uma dor muito grande. E voltar no tempo e processar todo aquele sofrimento novamente para escrever os momentos, e essa dor, que é muito explícita das letras, é muito pior. Eu tinha a sensação de ter um ferimento e de alguém estar mexendo nesse ferimento, como uma ferida mal curada, de alguém ter enfiado o dedo numa ferida mal curada. Não é legal para ninguém, mas tive que processar novamente para escrever todo o roteiro. Esse roteiro virou essa saga bacana. E muito emocional. Não é um álbum triste, é denso, bem mais pesado que os outros dois discos. O hard rock é muito pesado nele, beira o heavy em algumas canções. As letras não são alegres, mas o som não é para baixo. Ele tem essa particularidade.

Existe todo um conceito que envolve as faixas e as artes do álbum. Como foi esse trabalho conjunto e o que achou do resultado final do produto como um todo?
Sim, perfeitamente. E cada personagem do álbum está na capa, que, no digipack, tem três painéis. Está na pauta lançarmos também em LP, com uma capa tripla. A capa comporta todos os personagens do roteiro. Ela foi desenhada pelo Daniel Borges, um garoto muito amigo do meu filho e que cresceu basicamente na minha casa. Se tornou um grande desenhista de HQs e artista plástico. Passei o perfil de cada personagem para ele, que fez esse desenho maravilhoso. Depois, foi para as mãos da Raysa Moreno, que é a artista finalista desde o single “Deus e o Diabo Apertam as Mãos” (2018). Ela finalizou o processo, e virou essa capa maravilhosa. (O conceito) reúne as letras, o som e a arte, fazendo essa junção de todo o conceito citado no álbum. Costumo falar que a pessoa, para entender a saga, vai ter que pegar o encarte com as letras, escutar a canção, ler a letra e localizar o personagem na capa. Algo que não sei se todo mundo vai querer fazer, mas acho que a experiência completa teria que ser feita dessa forma.Divulgação/Jukebox From Hell

O Jukebox From Hell já tem três álbuns lançados desde 2017

Quais os planos da banda daqui para frente?
A (gravadora) Monstro Discos, de Goiânia, sobe o álbum nas plataformas. Por conta da pandemia, há um probleminha na fábrica para o lançamento do digipack, algo relacionado a insumos. Essa parte física tem previsão de estar nas mãos da banda daqui 40 dias. Aqui em Goiás, como no Brasil todo, ainda não estamos tendo shows. Não temos planejamento para lançar o disco, não dá para aglomerar 100, 200 pessoas num show. Num primeiro momento, vamos divulgando com a assessoria de imprensa da Roadie Metal, trabalhar todo o processo do álbum de forma digital, lançar singles, especificando cada capítulo do disco. Depois a gente vê como será, quando a pandemia vai nos dar um sossego, quando a vacinação vai chegar de fato à totalidade, para sentir como vai funcionar, se vamos poder em breve de ter condições de fazer shows novamente.

Faixas de “A Saga do Terceiro Irmão”

1.Conluio com o Mal
2.Pesadelos na Casa Velha (C.D. 572)
3.Em Nome do Pai
4.Dezesseis
5.Rock and Roll (Religião e Minha Lei)
6.Corte na Carne e deixa Sangrar (Minha Dor)
7.Couro Grosso
8.Cortina de Fumaça
9.A Noite dos Anjos Caídos
10.Sob um Céu Vermelho Sangue
11.Epílogo (Jesus…Jesus! You Took the Wrong Brother)Reprodução capa

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