Poeta, jornalista, radialista, letrista bissexto e diretor artístico de diversos projetos, o mineiro Kiko Ferreira comemora quatro décadas dedicadas à literatura com a antologia “Tempo Diverso”,que será lançado neste sábado, às 11h30, na livraria Scriptum.

O volume reúne todos os nove livros  já lançados por Ferreira: “Cordiana” (1982), “Belo Blue” (1987), “Cio em Setembro” (1989), “Beijo Noir” (1996), “Solo de Kalimba” (2003), ”Stet”(2007), “Musikaligrafia”(2009), “Pó de Pedra” (2013) e “Manual de Berros” (2020), além do inédito “Pós Calypso”(2022), que compila textos escritos durante a pandemia.

"Eu lancei 'Manual de Berros', com poemas feitos durante a primeira fase dessa situação política atual de polarização e rasteira na política. Ele foi lançado alguns dias antes do início da quarentena e tive que cancelar lançamentos e debates em várias cidades e outros espaços de Belo Horizonte", lembra.

Em casa, concebeu "Pós Calypso", que abre com o poema que dá titulo ao livro, que foi contemplado em concurso literário. "Ele reflete um tempo de isolamento social que incluiu a leitura de 'Você Fica Tão Sozinho às Vezes que até Faz Sentido', livro de um Charles Bukowski já no fim da vida", registra.

Ferreira atua na área cultural desde os anos 1970 quando, aos 14 anos, começou a colaborar com jornais escrevendo sobre música popular. Ele escreveu os primeiros versos com influência dos letristas de música brasileira, como Paulo Leminski, Chacal, Alice Ruiz e Marcelo Dolabella.

O autor começou escrevendo poemas em pequenas edições em xerox, que distribuía entre amigos e clientes da loja Gramophone, onde trabalhava como encarregado da seção de música popular, e foi amadurecendo até receber incentivo de poetas com quem convivia, como Antônio Barreto e Dolabela.

Ao mesmo tempo, começava a ter poemas musicados por autores como Sérgio Moreira, Gilvan de Oliveira, Affonsinho, César Maurício, Ronaldo Gino e outros, como a gaúcha Danny Calixto. Recentemente ganhou novos parceiros, como o poeta mineiro radicado na França Túlio Rangel e o maranhense Zeca Baleiro.

"Meu trabalho com poesia vem da minha relação com a música. Meus poemas têm ritmo e melodia. Costumo dizer que faço poemas como os fotógrafos de futebol. Procuro estar com as lentes certas e a luz correta para registrar um ângulo, um enquadramento que considero suficiente para oferecer ao leitor uma imagem diferente de algum fato ou alguma ideia que eu ache relevante e interessante", comenta.

“Tempo Diverso”, que tem prefácio do poeta, professor e acadêmico Anelito de Oliveira, é um documento completo que apresenta ao leitor sua poesia diversa e ágil, com musicalidade própria, mesclando lirismo e bom humor, erotismo e uma visão de mundo otimista e crítica, sem ser panfletária ou militante.

Um trabalho atemporal que vale como retrato de um tempo de muitas mudanças, humanas e tecnológicas, que ele registra com uma linguagem elaborada e fluente.

O livro inclui prefácios e apresentações de autores que representam bem a diversidade da obra de Kiko Ferreira, como Tárik de Souza e Antônio Barreto, João Paulo Cunha e Mário Alex Rosa, Vera Casa Nova e Ruth Silviano Brandão, Guiomar Sant´Anna Murta e Zeca Baleiro, Alice Duarte Penna e Ana Elisa Ribeiro, Fernando Brant e Túlio Mourão, Rita Espeschit e Anemary Soares.

Também traz poemas criados durante a pandemia e quarentena, a partir do poema “Pós Calypso”, premiado no edital “Arte como Respiro”, do Instituto Itaú Cultural, e tem texto de apresentação do poeta, artista audiovisual e compositor Chico de Paula, que estreia também como parceiro musical do autor.

SERVIÇO

"Tempo Diverso" - Lançamento do livro de Kiko Ferreira neste sábado, às 11h30, na Scriptum Livraria (Rua Fernandes Tourinho  99 – Savassi)

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