
Embora reinem quase absolutos, os quadrinhos vão muito além dos super-heróis. E para provar todas as possibilidades dessa linguagem, acontece, a partir de amanhã, o Laboratório de Quadrinhos Potenciais. Reunindo artistas belo-horizontinos, a iniciativa promove a discussão e a experimentação de narrativas gráficas. O caminho e o resultado podem ser conferidos pelo público, que poderá acompanhar a iniciativa na Livraria da Rua, na Savassi.
Idealizador do projeto, o quadrinista Jão conta que a ideia para criar o laboratório surgiu no ano passado. “Notei que a minha produção estava um pouco parada por conta de outros projetos. Ao mesmo tempo, estava tendo muito contato com outros artistas”, lembra ele. “A partir dessa proximidade, vi que esses artistas estavam me inspirando muito, então quis criar um trabalho coletivo e discutir também a questão dos quadrinhos experimentais” explica.
O quadrinista conta que a escolha dos 12 participantes – os ilustradores Estevam, Ing Lee, Faw Carvalho, Daniel Pizani, Priscapaes, João Belo e FRM, o designer Gabriel Nascimento e o cartunista Marcos Batista – levou em conta principalmente suas produções autorais. “Quis buscar trabalhos e autores que tivessem um estilo de desenho muito desenvolvido e próprio”, conta Jão.
Ele acrescenta ainda que uma das ideias do laboratório é mostrar um panorama da produção autoral da cidade, que, como ele aponta, vive seu melhor momento. “Tem muita gente produzindo. Nos últimos tempos o mercado deu uma ampliada e os artistas viram isso. Pessoas que antes eram quadrinistas em potencial, mas trabalhavam em outras áreas para conseguir viver, passaram a produzir também”, ressalta o quadrinista.
Jão conta que a ideia de abrir a iniciativa para o público – que pode acompanhar como ouvinte ou até mesmo observar a produção pelas vitrines da livraria – vem do interesse de ampliar e incentivar o contato das pessoas o que está sendo feito em Belo Horizonte. “Queremos provocar uma visão diferente a respeito dos quadrinhos. Essa é uma linguagem que também é uma arte e tem suas especificidades”, sublinha.
O resultado do laboratório também ganha destaque e marca a continuidade da revista “Parafuso”, que teve a primeira edição lançada no ano passado, com a história “Vigilantes”, de Jão. “É uma revista de experimentação minha, mas agora, para essa nova edição, ela vem como uma antologia, com o trabalho de outras pessoas”, diz o artista.
Serviço: Laboratório de Quadrinhos Potenciais, de hoje até sexta-feira, das 14h às 21h, na Livraria da Rua (R. Antônio de Albuquerque, 913 – Savassi). Entrada gratuita.