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Linn da Quebrada é atração do Festival Eletronika hoje

Hoje em Dia - Belo Horizonte
Publicado em 25/10/2017 às 17:35.Atualizado em 02/11/2021 às 23:23.

É assustador, no melhor sentido do termo. O primeiro contato com Linn Da Quebrada, através de seus clipes disponíveis no YouTube, como “Enviadecer” ou “blasFêmea”, já deixam bem claro o que o público vai encontrar: um discurso potente, constelado por discussões sobre gênero e uma porrada sonora de moldura funk pesada. 

É música “na cara”, com pouquíssimos filtros, e é muito do que precisamos para estes tempos. “É isso, a possibilidade da minha música ser crua e direta, como tem que ser” revela a artista, que se apresenta hoje à noite como atração principal do festival Eletronika. “A BadSista, (produtora de ‘Pajubá’, disco de estréia da artista lançado este ano) brinca que na minha música eu coloco os <CF36>boys </CF>na parede e falo um monte pra eles. Eu acho que isso rola mais pelo funk, que por si só já é uma música potente e pesada. Mas no disco a gente também experimentou muita coisa diferente, fomos pra um caminho mais eletrônico também, com bastante mistura.

Acho que o funk foi uma porta de entrada pra tudo isso, sabe? Eu ainda faço funk, mas agora não só, entende?”
Entendemos, Linn. Assim como sua amarração discursiva–que diz de fluidez, de expansão, de possibilidades– o maior erro seria incorrer à sua música em um enquadramento único. De certa forma, a produção de Linn é, como sua performer, trans. Isso diz de atravessamentos tantos, que complicam traduções e atraem o ouvinte. “Eu gosto de falar que minha música é uma arma apontada para mim mesma. A Linn da Quebrada é uma possibilidade que criei para reforçar as potências que tenho dentro de mim e as transformações que elas geram sobre meu corpo. As letras que escrevo, o jeito que canto, tudo vem da necessidade que eu tenho de falar sobre certos assuntos”, diz. 

É o léxico do corpo transfigurado em música, como mostra uma série de interessantíssimos artistas pavoneando a música brasileira em2017, como Pablo Vittar, Lineker e Johnny Hooker. “Enviadecer” como um chamado à luta que encontra vinculação com um público crescente. “Eu falo de mim mas entendo que muitas outras pessoas se identificam com isso porque também viveram na pele situações próximas. Eu falo de afeto, de redes de fortalecimento, falo de e para os corpos feminilizados que não se curvam mais diante do macho”, diz. 

Política da existência, que exige uma performance de resistência, portanto. “Na minha arte eu inverto o ponto de vista da história: tiro do macho e sua lógica falocêntrica e coloco os corpos feminilizados em destaque. Acho que isso, nesse tempo que vivemos, pode ser algo político não por apontar dedos ou combater algo diretamente, mas justamente por celebrar nossas vidas e existências, sempre relegadas a um segundo plano. É (r)existir como ato político”, sumariza.  E festa também, porque o corpo pode e deve ficar odara: “Muita bixarya e alto astral. Estamos chegando com tudo e prontas pra fazer Belorizonty dançar bastante!”, convoca. 

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