
Morreu neste domingo (3), aos 98 anos, a escritora paulista Lygia Fagundes Telles, que ocupava a cadeira 16 da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde outubro de 1985. Ao portal G1, da Globo, Juarez Neto, da ABL, confirmou que a escritora faleceu na casa dela, em São Paulo (SP), de causas naturais.
Lygia passou a infância no interior de SP, onde o pai, o advogado Durval de Azevedo Fagundes, foi promotor público. A mãe, Maria do Rosário (Zazita), era pianista. Voltando a residir com a família na capital, a escritora ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, onde se formou.
Ainda na adolescência manifestou a paixão para a literatura, incentivada pelos seus maiores amigos, os escritores Carlos Drummond de Andrade e Erico Verissimo, de acordo com a ABL. Contudo, mais tarde a escritora viria a rejeitar seus primeiros livros porque “a pouca idade não justifica o nascimento de textos prematuros, que deveriam continuar no limbo”.
“Ciranda de Pedra” (1954) é considerada por Antonio Candido a obra em que a autora alcança a maturidade literária. Lygia Fagundes Telles também considera esse romance o marco inicial de suas obras completas. Ainda nos anos 1950, o livro “Histórias do Desencontro” (1958) recebe o Prêmio do Instituto Nacional do Livro.
Por sua vez, o segundo romance da escritora paulista, “Verão no Aquário” (1963), ganhou o Prêmio Jabuti. Ele saiu no mesmo ano em que já divorciada casou-se com o crítico de cinema Paulo Emílio Sales Gomes. Em parceria com ele escreveu o roteiro para cinema do longa “Capitu” (1967), baseado em Dom Casmurro, de Machado de Assis.
A década de 1970 foi de intensa atividade literária e marca o início da consagração na carreira. Lygia Fagundes Telles publicou, então, alguns de seus livros mais importantes: “Antes do Baile Verde” (1970), cujo conto que dá título ao livro recebeu o Primeiro Prêmio no Concurso Internacional de Escritoras, na França. “As Meninas” (1973), romance que recebeu os Prêmios Jabuti, Coelho Neto da Academia Brasileira de Letras e “Ficção” da Associação Paulista de Críticos de Arte. “Seminário dos Ratos” (1977) foi premiado pelo PEN Clube do Brasil. O livro de contos “Filhos Pródigos” (1978) seria republicado com o título de um de seus contos “A Estrutura da Bolha de Sabão” (1991).
A “Disciplina do Amor” (1980) recebeu o Prêmio Jabuti e o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte. O romance “As Horas Nuas’ (1989) recebeu o Prêmio Pedro Nava de Melhor Livro do Ano.
(*) Com Academia Brasileira de Letras.
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