Live discute relação do pintor Guignard com a literatura

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
18/03/2021 às 07:54.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:26
 (EDITORA AUTÊNTICA/REPRODUÇÃO)

(EDITORA AUTÊNTICA/REPRODUÇÃO)

Um quadro de São Francisco atribuído a Guignard, recebido pela família de um primo – diz a lenda – em troca de um engradado de cerveja, foi um dos fatos que despertaram no jornalista e pesquisador João Perdigão o desejo de mergulhar na obra do pintor modernista, um dos grandes nomes das artes plásticas no país.

O resultado de sete anos de pesquisa – e mais de seis mil arquivos no computador – é “Balões, Vida e Tempo de Guignard: Novos Caminhos para as Artes em Minas e no Brasil”, recém-lançado pela editora Autêntica, tema da live que a Academia Mineira de Letras transmitirá hoje, às 19h30, pelo canal do YouTube da instituição.

Na verdade, a conversa com Rogério Faria Tavares, presidente da AML, focará num determinado assunto da publicação: a relação de Guignard com a literatura. Chamado de “o pintor dos poetas”, ele se relacionou com importantes escritores, como Mário de Andrade, Rubem Braga, Cecília Meireles e Carlos Drummond de Andrade.

“Ele tinha muitos amigos escritores. Os primeiros que ele conheceu, após passar alguns anos na Europa e retornar ao Brasil em 1929, foram Murilo Mendes e Ismael Nery. A partir deste vínculo, Guignard foi conhecendo outros, como Mário de Andrade, que se encantou por ele”, registra Perdigão.

Em 1944, o artista passou viver em Belo Horizonte, onde se tornou a maior referência do ensino de Arte Moderna no Brasil

A relação com a literatura não se limitou à admiração de grandes escritores. Para Jorge de Lima, por exemplo, o pintor assinou a arte do livro “Anunciação e Encontro de Mira-Celi” (1943). Ele também ilustrou uma edição de “Marília de Dirceu”, do inconfidente Tomás Antônio de Gonzaga, em 1944.

Nos anos 50, Guignard ilustrou a obra “Passeio a Diamantina”, de Lúcia Machado de Almeida, com quem teve uma forte relação de amizade quando ele viveu em Belo Horizonte, chegando a morar na casa dela. Com Carlos Drummond de Andrade, o livro de Perdigão revela um fato nunca antes abordado nas biografias anteriores do pintor.

“Drummond foi a pessoa responsável por aumentar um sentimento de “anti-portinarismo” no final dos anos 30, após indicar alguns artistas brasileiros para serem abordados numa publicação de faculdade americana. Portinari estava entre eles, mas Guignard e Tarsila do Amaral não, o que acabou gerando um escândalo no mundo das artes”, observa.

Perdigão conta que, apesar de toda celeuma, provocada também pelo fato de Portinari ter aceitado encomendas para o governo de Getúlio Vargas, além de fazer o quadro de uma embaixatriz italiana quando a o país europeu passava pelo fascismo, Guignard defendeu o colega, de quem sempre foi um amigo leal.

O jornalista destaca que, apesar de já terem se passado seis décadas de sua morte, o livro é a primeira biografia do artista acessível ao público. ‘Os anteriores foram livros de arte, caros e que não podem ser chamados simplesmente de biografia. O ‘ouro’ do meu livro foi ter encontrado muito material inédito na Biblioteca Nacional”, ressalta.

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