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Mano Brown comenta a segunda temporada de 'Mano a Mano', com início nesta quinta

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
Publicado em 21/03/2022 às 13:34.
A cada semana, Mano Brown recebe convidados diversos e controversos para um papo reto (Pedro Dimitrow/Divulgação)

A cada semana, Mano Brown recebe convidados diversos e controversos para um papo reto (Pedro Dimitrow/Divulgação)

Para o rapper e compositor Mano Brown, um dos integrantes do Racionais MC’s, comandar um programa de entrevista em plataforma digital serviu para tirá-lo da zona de conforto. “Entendo que posso estar me expondo, mostrando as minhas fragilidades. Mas entrei nesse projeto para fazer o meu melhor e sabia que, se eu conseguisse ser eu mesmo, poderia render algo bom”, afirma.

Diante de tantos entrevistados de “popularidade alta”, Brown observa que a receita é “não irritar o público”. “Busco resguardar o lance de ser o mais natural possível. Faço perguntas de um cara comum. Não sou profissional de jornalismo. Eu represento os leigos. Por isso prefiro me colocar no lugar de uma pessoa que sabe pouco e fazer perguntas que vão servir aos outros”, explica.

Para a segunda temporada de “Mano a Mano”, que estreia nesta quinta-feira, no Spotify, ele revela que continuará diversificando os temas, apresentados numa linguagem mais atraente aos jovens. “Se o moleque não entender, não adianta nada. Vou estar esnobando conhecimento para quê? Isso se chama sabedoria inútil. O que não serve para compartilhar é inútil”, sublinha.

Ele busca criar um clima de amizade, para que o entrevistado “não se sinta acuado”, o que vale também para pessoas que ele tenha divergência de opiniões. “Tenho de saber o que pensa, mesmo não concordando”, destaca. Para a nova temporada, adianta nomes como Seu Jorge e Emicida, além de citar outros que estão no radar, como Pelé e Dilma Rousseff, “uma das mulheres mais injustiçadas do Brasil”.

O rapper de 51 anos não se exime de falar de política. Ao falar que a exposição no podcast mostrou um Mano Brown diferente, passível de ser questionado, ele se mirou no exemplo de Lula, “um herói do povo que, depois de dez anos, virou bandido e foi para o fundo da cela. A gente tem que ser o mundo que vive. Não dá para romantizar tudo. Às vezes é bélico”.

“Quando eu me coloco em dúvida, eu pago o preço”, afirma Mano Brown. “As pessoas perguntam: ‘Cadê aquele Brown das ideias que eu aprendi, ele está se questionando?’ Questione-se você também”, registra. Como a unanimidade não existe, Brown salienta que é mais feliz sendo “transparente e não mentindo para os meus irmãos; não vendendo o que não sou”, destaca.

Por outro lado, ele vê no programa a possibilidade de mudar a sua imagem pública. “Uma coisa que me perturbava era uma situação em que as pessoas me colocavam num lugar muito marginal no imaginário, de um cara ignorante e intransigente. Nunca fui. Nem um, nem outro”, pondera. Obrigado a conviver com a alcunha de um “cara burro”, ele fez muita gente mudar de opinião.

Brown diz acreditar muito no estudo. Neste sentido, defende um projeto urgente para o jovem que o acompanhasse do ensino fundamental até à faculdade. “Mas não há. Projeto de gado, isso o Brasil tem. Mesmo sendo um país, ele não investe no jovem. Se o Lula ganhar, ele tem que ir para cima disso. Vai ser imperdoável se não for”, analisa o rapper.

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