Maquiavel ganha versão ‘amineirada’

Pedro Artur/Hoje em Dia
21/08/2014 às 08:24.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:52
 (Marco Aurélio Prates)

(Marco Aurélio Prates)

O que um texto escrito há quase 500 anos na Itália, por Nicolau Maquiavel – no caso, “A Mandrágora” – tem a ver com nossos dias? Tudo. Porque trata, com a chancela da ironia do mestre florentino, que também escreveu “O Príncipe”, das relações humanas, com seus embates, conquistas e manipulações. Serve para o amor, como para outras questões da vida, inclusive a política. Portanto, nada mais atual – e necessário – que esse texto receba agora uma roupagem bem mineira com a montagem de “A Mandioca Brava”, sob direção de Yuri Simon.

A trama de Maquiavel – escrita em 1518 e publicada pela primeira vez seis anos depois –, adaptada para costumes e linguagens dos rincões mineiros, será encenada dessa quinta-feira (21) a 6 de setembro, na Spetaculo Casa de Artes.

Para Yuri, o eixo da peça, que trata de manipulações, está presente em todos os tempos da humanidade, e o passo seguinte foi a sua transposição de Florença para os rincões das Gerais. “Foi fácil porque a trama em si é atemporal. Sentamos com o grupo para ‘amineirar’ esse linguajar. O que a gente muda são locais e a linguagem, a história é basicamente a do Maquiavel”, frisa.

O diretor destaca que, para alcançar esse objetivo, foi realizado um extenso trabalho de pesquisa. “Fizemos uma adaptação do texto à mineira em grupo. Pegamos os temas, os textos, os termos utilizados nos ditados europeus, e adaptamos para o nosso universo mineiro. Até o título veio por associação antropomórfica. Porque a mandrágora e a mandioca se parecem com perna de mulher, e a mandioca brava é tóxica como a mandrágora, é preciso saber cozinhar”, explica.

Assim, o trio central da história é Calímaco (que faz tudo para alcançar seus objetivos), Lucrécia (objeto de desejo de Calímaco) e esposa de Messer (mestre, que nesta encenação ganha a alcunha de coronel) Nicia. E seguem situações de convencimento, conquistas e manipulações...

Yuri acredita que, apesar dessa carga de emoções, nem a montagem mineira nem o texto de Maquiavel são drama.

Sobressai o lado mais irônico. “É que essa pessoa dominada aceita esse tipo de dominação. É quase como um acordo, não há drama porque ele (Maquiavel) trabalha com a ironia das situações cotidianas”.

E vai além: nem a mulher, no caso a personagem Lucrécia, é tão fraca assim. “Ela vira o jogo”, pontifica.

A Spetaculos Produções pretende encerrar a trilogia de clássicos universais, iniciada com “O Avarento”, de Molière, com “A Megera Domada”, de Shakespeare.

“A Mandioca Brava” – De 21/8 a 6/9, na Spetaculo Casa de Artes (rua Pouso Alegre, 1568, Santa Tereza). De quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 20h. R$ 40 e R$ 20 (meia). 

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