'Minha Querida Dama’ impõe uma inusitada convivência

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
Publicado em 07/09/2015 às 10:08.Atualizado em 17/11/2021 às 01:40.
 (Divulgação)
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Na França, “viager” seria mais ou menos, em termos jurídicos, o que conhecemos no Brasil como “usufruto vitalício”, em que se transmite a outra pessoa a propriedade de um imóvel, mesmo tendo o direito de continuar a usá-lo enquanto viver.

É a partir dessa situação que se constrói a trama de “Minha Querida Dama”, que, como a casa que Mathias (Kevin Kline) recebe de herança, abre diversas portas, oferecendo surpreendentes contornos ao que parecia uma simples divergência imobiliária.

Endividado, o americano viaja para a França com o único pensamento de vender o local, mas encontra uma senhora inglesa, Mathilde (Maggie Smith), que só perderá o seu direito se morrer. Pior: ele tem que pagar um valor mensal até que o fato se consume.


Passado desconhecido
Como não tem um centavo para voltar para sua terra, Mathias exibe o seu lado egocêntrico e, aos poucos, vai tomando contato com o que está por trás daquela estranha aquisição do pai, encontrando um passado completamente desconhecido por ele.

O pai ausente, que o levou a fazer terapia por anos, ganha outra feição, enquanto ele próprio assume um novo papel para o espectador, passando a ser uma vítima das circunstâncias, processo de descoberta vivido também pela moradora.

Num filme fortemente calcado em diálogos, em que se sobressai o entrosamento do elenco, Israël Horovitz imprime um preço alto às liberdades sexuais dos anos 60, em que os filhos acabam pagando por elas, tumultuando as suas vidas.

Além de Mathias, essa “sequela” é perceptível na filha de Mathilde (Kristin Scott Thomas), que também terá seu quinhão de descobertas. À medida que a relação cresce, outros “cômodos” serão abertos, culminando numa envolvente discussão sobre nossas escolhas, libertárias ou não.
 

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