MOC perde Mestre Zanza, mas promete manter a cultura que ele tanto defendia

Adriana Queiroz
26/10/2021 às 10:03.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:07
 (Reprodução/Facebook)

(Reprodução/Facebook)

A morte de Mestre Zanza, aos 88 anos, fez mais do que deixar Montes Claros de luto. A cidade ficou órfã de um homem que durante toda a vida destacou-se pela firmeza em manter tradições. João Pimenta dos Santos - nome de batismo de um dos principais líderes das manifestações folclóricas do município - foi vítima de complicações da diabetes. Atendendo a um pedido do próprio Mestre Zanza, a família realiza o velório na Associação dos Catopês, Marujos e Caboclinhos, presidida por ele e onde morava, há 35 anos.

Mestre Zanza passou mal na quinta-feira, 21. Foi levado ao hospital e, voltando para casa, disse que queria ser velado ali. Na manhã de ontem, o filho Júnior, que morava com ele, percebeu que o pai havia falecido. 

Durante o velório, muitas homenagens: apresentações do Grupos de Catopês, Marujos e Caboclinhos de Montes Claros; do 1º Grupo de Catopês de Nossa Senhora do Rosário, que Mestre Zanza chefiava; do 2º Grupo de Catopês de Nossa Senhora do Rosário, chefiado pelo Mestre Yuri Faria, neto do Mestre João Faria, já falecido; do Grupo de Catopês de São Benedito, chefiado pelo Mestre Wanderley, filho do também saudoso Mestre José Expedito Cardoso do Nascimento (Mestre Zé Expedito); da 1ª Marujada de Montes Claros, chefiada pelo Mestre Tim; da 2ª Marujada de Montes Claros, chefiada pelo Mestre Zé Hermínio, e do Grupo de Caboclinhos ou Caboclada de Montes Claros, chefiada pela Cacicona Socorro, filha do Mestre Joaquim Poló.

Mestre Zanza tinha incontáveis admiradores e amigos. Entre eles, a reitora da Funorte, a médica e pedagoga Raquel Muniz, que nascida nos Morrinhos, terra de catopês, cablocos e marujos, desde pequena acompanhava o movimento das Festas de Agosto. Sempre presente na vida do Mestre Zanza, fazia questão de vestir a “farda” de catopê e, como um soldado, percorrer as ruas da cidade, junto com o Mestre que fazia reviver tradições por meio do batuque dos tambores. Para ela, a perda é irreparável.

“Mestre Zanza me viu crescer. E eu cresci encantada por ele, pelas fitas coloridas, penachos, cantos e ritmos dos pandeiros e tambores de catopês, marujos e caboclinhos. Perder Mestre Zanza é, portanto, perder um pouco da minha história”, diz Raquel. 

Para o médico e artista plástico Carlos Muniz, ex-secretário de Cultura, Mestre Zanza partiu, porém deixou o nome marcado nesta terra. “Quando lembro do Mestre Zanza, sinto muita alegria, principalmente das grandes reuniões que fazíamos antes dos festivais folclóricos, festa de tantos anos de tradição na nossa cidade. Me encontrava com ele e os outros mestres na secretaria de Cultura. A gente discutia como seria a festa, ele sempre presente, dando opiniões. Tinha muito carinho por ele”.

Gerente de Preservação e Promoção do Patrimônio Cultural da Secretaria Municipal de Cultura, Raquel Mendonça diz que as Festas de Agosto são a maior e mais importante manifestação cultural, popular e tradicional da cidade. Iniciada em 1839 por Marcelino Alves, em cumprimento de uma promessa, está em processo de Registro como Bem Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e o Divino Espírito Santo vão receber Mestre Zanza em uma festa muito especial lá no céu”, afirma.

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