SÃO PAULO - Morreu ontem, aos 77 anos, em Nova York, o artista plástico norte-americano Walter De Maria. Foi vítima de um derrame. Ele foi um dos maiores nomes do minimalismo e do movimento que ficou conhecido como land art, que pregava grandes intervenções na paisagem natural e em lugares públicos das grandes cidades.
Começou sua carreira nos anos 1960 influenciado pela dança e pela performance, realizando "happenings" na Califórnia, onde nasceu, mas depois se mudou para Nova York, onde começou sua obra como escultor minimalista.
Entre suas obras mais famosas está "The Lightning Field", ou campo dos trovões, uma intervenção de 1977 em que fincou 400 hastes metálicas num perímetro de uma milha por um quilômetro no deserto do Novo México. Esse retângulo geométrico atrai descargas elétricas durante as tempestades na região, criando um espetáculo luminoso natural.
No mesmo ano, De Maria criou "Vertical Earth Kilometer", uma obra para a Documenta, em Kassel, na Alemanha, em que enterrou, na vertical, uma barra metálica de um quilômetro na praça Friedrichsplatz, no centro da cidade, deixando o topo da barra rente ao chão e emoldurado por uma placa de arenito. Dois anos mais tarde, ele fez "The Broken Kilometer", uma versão daquela peça de Kassel em que instalou 500 barras de latão de acordo com uma lógica geométrica ao longo da West Broadway, em Nova York.
Essas e outras obras, como "Earth Room", uma sala cheia de terra que criou primeiro em Munique e depois em Nova York, são reflexões sobre abstrações de espaço e distância. Em outubro do ano passado, De Maria ocupou uma sala inteira do Los Angeles County Museum of Art com 2.000 barras brancas que criavam diferentes percepções no espaço com a mudança nas condições de luz e do clima do lado de fora do museu.
De Maria também tem uma obra agora em cartaz na Bienal de Veneza. Sua instalação, com centenas de cilindros de latão dispostos numa sequência lógica na última sala do Arsenale, fecha a exposição principal da mostra italiana. Nas palavras do curador da Bienal, Massimiliano Gioni, sua obra "reage ao ruído da era da informação" ao "festejar a pureza muda e gélida da geometria".