Mostra de Veneza revive assassinato de Kennedy 50 anos depois

Kelly Velasquez - AFP
02/09/2013 às 07:37.
Atualizado em 20/11/2021 às 21:33

VENEZA - Com o filme "Parkland", sobre o impacto emocional e a desorientação que o assassinato do presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, em novembro de 1963, provocou entre seus colaboradores, a Mostra de Veneza reviviveu, no domingo (1°), um dos assassinatos políticos que marcaram a história do século XX.

O filme, dirigido pelo americano Peter Landesman, correspondente de guerra que estreia no cinema como diretor, concorre ao Leão de Ouro com o resgate daquela sexta-feira, 22 de novembro de 1963.

A fita descreve as reações caóticas de todos aqueles que acompanharam e receberam o presidente ferido no Hospital Memorial de Parkland em Dallas, Texas. "Conto uma verdade visceral", reconheceu o cineasta, que impregnou seu filme de sangue - "sangue do presidente", diz -, para relembrar esta tragédia moderna.

Ver Kennedy morrer deixaria uma marca indelével em todos aqueles que viveram a situação, como aconteceu com o ataque às torres-gêmeas de Nova York, em 2001. A equipe médica que o atendeu; o chefe do serviço secreto; o cinegrafista que, com uma câmera moderna de 8mm, fez o único e histórico filme do momento do disparo: a primeira-dama, Jacqueline, vestindo um elegante tailleur rosa, cujo chapéu fica manchado de de sangue.

Landesman usa as imagens do cinegrafista Abraham Zapruder, interpretado por Paul Giamatti, adquiridas com exclusividade na ocasião pela revista Life por US$ 50 mil e que deram volta ao mundo.

A reação desesperada do jovem médico Jim Carrico, interpretado pelo astro em ascensão Zac Efron, enquanto tenta salvar o presidente com uma massagem cardíaca, evoca a angústia e o sentimento de impotência que se abateram sobre a maior potência mundial. "Não queria reproduzir essa época, mas fazer um filme contemporâneo sobre as repercussões da violência", explicou Landesman, que filma como um cronista, mostrando fatos e reações heroicas diante de um acontecimento extraordinário, sem oferecer interpretações, nem fazer questionamentos políticos.

"O assassinato de Kennedy precisava ser contado do ponto de vista das pessoas comuns", disse o diretor durante entrevista coletiva.

"Trata-se de histórias de pessoas comuns que se tornam heróis", explicou um dos produtores, Matt Jackson, que trabalhou no projeto junto com o astro Tom Hanks.

Baseado no romance de Vincent Bugliosi, intitulado "Reclaiming History: The Assassination of President John F Kennedy" ('Resgatando a História: o assassinato do presidente John F. Kennedy'), o longa também relata a reação da mãe e do irmão de Lee Harvey Oswald, único acusado pelo crime, assim como sua morte no hospital naquele fim de semana.

Diante desta ferida ainda aberta para os americanos, Landesman considera necessário analisar as razões que teriam levado Oswald a "apertar o gatilho", explicou.

"Falou-se por 50 anos da conspiração, mas não das razões pelas quais Oswald atirou", sustenta o diretor, que optou por concluir seu filme, uma espécie de ficção documentada, com o desolador enterro do assassino, para quem nem mesmo o pessoal do cemitério queria trabalhar.

Uma proposta muito diferente daquela apresentada no bem sucedido filme "JKF" (1991), de Oliver Stone.

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