CineOP

Mostra discute preservação de obras indígenas; serão exibidos 35 títulos de 17 povos

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
Publicado em 24/06/2022 às 09:53.
 (Divulgação)

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Quem olhar o noticiário poderá imaginar que a programação da 17ª Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP) foi calcada nos últimos acontecimentos, especialmente na comoção mundial pelo assassinato do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips. “O tema é super atual, mas estamos trabalhando nele há seis meses”, registra Raquel Hallak, coordenadora do festival que se estenderá até segunda-feira.

Com a exibição de 35 trabalhos audiovisuais indígenas de 17 povos, a CineOP alerta para uma produção crescente que não tem ainda meios para cuidar de sua preservação. “O tema veio de uma inquietação sobre não haver nenhum banco de dados sobre esse acervo. E é curioso, porque eles fazem esses filmes com o intuito de transmitir conhecimento, deixando registrado as suas memórias”, assinala.

A mostra irá percorrer as duas últimas décadas, quando começaram a haver as primeiras experiências de indígenas à frente dos projetos audiovisuais. Desde o início do ano a equipe da produtora Universo tem se debruçado sobre essa produção, buscando realizar um mapeamento que, até o momento, chegou a 180 títulos. “Temos que pensar no acesso. Não dá mais para deixar o filme na prateleira, sem circular”.

A CineOP é um dos poucos festivais do país a ocupar esse espaço, recebendo anualmente o Encontro Nacional dos Arquivos e Acervos Audiovisuais. “Já na primeira edição queríamos entender exatamente como era organizado o setor de preservação. Salvaguardar a produção é coisa de quem faz filme também, devendo ser pensada desde o momento em que se rascunha o roteiro”, sublinha Raquel.

A boa notícia é que a mostra será realizada em grande parte de forma presencial, o que não acontecia desde 2019. O retorno, porém, não terá exibições no Cine Vila Rica, que está em reforma. As sessões serão divididas entre o Cine-Praça, na Praça Tiradentes, e o Cine-Teatro, no Centro de Artes e Convenções, sede também da mostra. Serão apresentados 151 filmes, entre curtas, médias e longas-metragens.

Dziga Vertov

Outro momento que merece atenção na CineOP é a sessão comentada sobre a restauração do centenário filme russo “A História da Guerra Civil” (1921). Dirigida por Dziga Vertov, a produção acompanha o desenrolar da Guerra Civil Russa, entre 1918 e 1920. A restauração feita por e Nikolai Izvolov só tinha sido exibida antes, na América Latina, no Festival É Tudo Verdade, de São Paulo, em abril deste ano.

A programação da mostra não se limitará a filmes e debates, abrindo espaço também para performance, exposições, lançamento de livros, shows, lounge musical, cortejo da arte, show de mágica e festa junina. O ponto de encontro da CineOP será no Sesc Cine Lounge Show, com programação diária, em dois palcos instalados no Centro de Convenções.

Toda a programação do festival poderá ser acessada pelo site do festival.

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