
Escrita e dirigida por Kiko Rieser, vencedor do Prêmio Bibi Ferreira de melhor dramaturgia original em 2023, o monólogo “Nasci pra ser Dercy” está de volta a Belo Horizonte para sessão única, no próximo sábado (9). Com narração de Miguel Falabella, o espetáculo estrelado pela também premiada Grace Gianoukas é uma reverência a Dercy Gonçalves como criadora, atriz e pensadora.
No ano passado, Grace Gianoukas venceu os prêmios APCA e SHELL (2024) de melhor atriz, e I Love PRIO (2024) de melhor performance. “Por que falar de Dercy? Porque o Brasil precisa conhecer a sua verdadeira história, e a história do Brasil foi construída por muitas mulheres. Dercy é uma delas”, afirma a atriz.
Apresentação é no Centro Cultural Unimed. Os ingressos, que podem ser comprados no site da Sympla, custam no setor I R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia), e no setor II R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia). A classificação é 14 anos.
Sem homenagem nos palcos até aqui
Dercy Gonçalves (1907–2008) morreu aos 101 anos, sem que jamais tenha havido nos palcos brasileiros uma peça que a homenageasse. O texto busca unir o apelo popular e o carisma de Dercy por meio de uma profunda pesquisa.
“Uma atriz vinda do teatro de revista que recriou a comédia brasileira. Uma mulher que era chamada de ‘puta’, mas que casou e enviuvou virgem, iconoclasta e devota, libertária, mas avessa a qualquer bandeira, inclassificável e singular”, observa o dramaturgo Kiko Riese, autor e diretor do espetáculo.
Espetáculo mergulha na história de Dercy
A peça começa com Vera, uma atriz, fazendo teste para o papel de Dercy Gonçalves em um filme. Conforme vai dando suas falas, ela se revolta contra o roteiro, cheio de estereótipos. A mãe era grande fã de Dercy e por isso Vera cresceu conhecendo e sendo influenciada pelo exemplo dessa artista icônica. Ela então, transformando-se em Dercy, começa a mostrar quem realmente foi essa mulher à frente de seu tempo.
O espetáculo mostra a importância de Dercy, muitas vezes ignorada, para o teatro brasileiro e para a liberdade feminina. Desbocada e defensora da mais profunda liberdade, Dercy era muito recatada na vida íntima, chegando a se casar e enviuvar anos depois ainda virgem. Contestava frontalmente a censura da ditadura militar, mas se recusava a levantar bandeiras políticas específicas que não fossem a da irrestrita liberdade e do respeito a todas as formas de existir.
"Dercy abriu portas para todas nós”, afirma Grace.