
No último bate-papo de Thedy Corrêa com o Hoje em Dia, o frontman do grupo Nenhum de Nós estava na capital mineira dando vazão a uma outra faceta de sua vida profissional: a de palestrante. O tema? “A aplicação da música em um ambiente de trabalho”, confidenciou ele, que volta à cidade, agora com a banda, para lançar “Sempre é Hoje”, o 16º de carreira. Álbum, aliás, que teve um processo de criação um pouco distinto. De início, a ideia era fazer um EP, com cinco faixas. “A gente foi para Caxias de Sul e se isolou. E o que aconteceu foi que o trabalho fluiu e gravamos 11”, rememora. O produtor JR Tostoi também mergulhou neste exílio voluntário. Apenas uma, deste grupo, ficou de fora.
“A gente conversa muito sobre o que tem em mente. Conversa, conversa, compartilha ideias, pensamentos... Depois faz trabalho de arranjo e tudo mais. Mas sempre foi assim, primeiro, o conceitual”. O primeiro single do novo trabalho foi “Milagre”, sobre a falta de sensibilidade que rege o mundo atual – inclusive na música. O título vislumbra a revalorização da arte, na acepção do termo.
“A gente tem visto que, hoje, muitas músicas são feitas como produto para se colocar (à venda) numa prateleira de supermercado. Na verdade, toda vida foi assim, mas, hoje, a coisa tomou conta de forma tal... As pessoas não percebem que estão se apegando a uma música que não se apega a elas”, analisa Thedy, que não poupa críticas à massificação dos tempos modernos. “Os arranjos são sempre iguais, até o modo de se vestir é igual”.
E se a questão é apego, Thedy fala com propriedade. “Há quase 30 anos lançamos ‘Camila’, então, a gente sabe o que está falando As pessoas se apegaram (a essa música) de tal forma que continuam levando ela”. O Nenhum de Nós, vale lembrar, contabiliza 28 anos de trajetória.
A turnê do novo disco teve início em São Paulo. Em tempo: o nome do novo trabalho é uma homenagem ao guitarrista argentino Gustavo Cerati (do Soda Stereo), falecido ano passado. "Ele foi um cara que se tornou conhecido em toda a América Latina e nos EUA, principalmente os EUA que falam espanhol. Uma perda grande, a gente era amigo e queríamos homenageá-lo". A capa, cumpre acrescentar, é do fotógrafo argentino Martin de Pasquale.
Por último, mas não menos importante, o novo disco tem particpação da mineira Roberta Campos, que divide a composição e os vocais em "Foi Amor". A canção conta com arranjo de cordas do Quinteto da Paraíba, também presente nos arranjos de "Estrela do Oriente", faixa que encerra os trabalhos do disco.
Serviço:
Nenhum de Nós – Nesta sexta-feira (4), às 21h, no Cine Theatro Brasil Vallourec (av. Amazonas, 315), R$ 90 e R$ 45 (meia).