Novo álbum do Bixiga 70, 'Quebra-Cabeça' tem influência de viagens pelo mundo

Lucas Buzatti
lbuzatti@hojeemdia.com.br
11/09/2018 às 15:58.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:23
 (José de Holanda/Divulgação)

(José de Holanda/Divulgação)

Desde seu terceiro disco, a banda paulistana Bixiga 70 tem traçado diversas andanças pelo mundo. Além de tocar em festivais como Glastonbury, North Sea Jazz Festival e Roskilde, o grupo que mistura afrobeat com brasilidades e influências latinas rodou por vários países. Da França à Holanda, da Alemanha ao Marrocos, da Nova Zelândia à Índia, as viagens trouxeram novos encontros e referências, que ajudaram a formatar o novo álbum, “Quebra-Cabeça”. Recém-lançado pela Deck, o disco inaugura uma nova fase do grupo formado no bairro do Bixiga, em São Paulo.

Tecladista e guitarrista do Bixiga 70, Maurício Fleury explica que as viagens impactaram as composições de forma orgânica e sutil. “Sempre carregamos algo dos shows que vimos em festivais ou sons que trocamos na estrada. Mas essa influência acaba não sendo tão óbvia quando fechamos as músicas, acabamos traduzindo essas influências para o nosso jeito de tocar”, explica. “Os temas foram feitos principalmente em estúdio, mas com algumas ideias que vieram de experiências na estrada”, completa.

O músico ressalta os prós e contras do processo coletivo de composição do Bixiga 70 – que conta com nove integrantes. “A vantagem da banda ser grande é que o resultado é sempre inesperado, há muito diálogo e as músicas acabam ficando bem lapidadas. A desvantagem é que, com isso, demoramos mais para compôr. Tem que ter paciência para conversar e chegar em acordos, mas tudo isso é bem saudável. É um aprendizado constante”, conta, ressaltando também a importância da produção musical, assinada por Gustavo Lenza.

Segundo Fleury, todos os discos da banda são impactados, também, pelo momento social e político do país. “O som amadureceu e foi adquirindo formas mais variadas. Acho que o som do nosso segundo disco era mais raivoso e urgente, retrato de uma época conflituosa, de onde surgiu o cenário do golpe de Estado pelo qual o Brasil está passando agora”, relembra. “Talvez neste quarto disco tenhamos chegado numa sonoridade mais madura e, talvez, mais melancólica e pesada também. Penso que isso tem relação com uma certa desesperança que tem tomado conta do país desde que o golpe se efetivou”.

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