(Carlos Henrique)
Quem chega à confortável casa localizada na região de Casa Branca, em Brumadinho, e se depara com um silêncio quebrado apenas por cantos de passarinhos ou latidos de cachorros, pode imaginar que a vida de Eduardo Recife é feita de tranquilidade.
Mas o ambiente bucólico dialoga com uma rotina dividida entre projetos de design para clientes, as burocracias nascidas desses trabalhos, estudos e produção de telas. “Hoje me coloco um limite de trabalho até 20h ou 21h. Tive que fazer isso porque muitas vezes virei noites trabalhando”, conta o artista plástico e ilustrador de 35 anos.
Requisitado no mercado internacional há 15 anos, Eduardo tem como clientes empresas grandes como The New York Times, Nike, Paramount Pictures, Showtime, The Guardian e FIFA. “Desde 1998, quando criei o meu site, vi que a maioria do público era de fora. Até hoje, 91% das pessoas que o visitam são de fora”, explica o artista belo-horizontino, também especialista em criar fontes de texto estilizadas.
Álbuns
Há demanda por trabalhos de ilustração, mas a grande procura é pelas colagens – algumas feitas da maneira tradicional, com papeis recortados cuidadosamente com um estilete e misturados a interferências de pintura, ou desenvolvidas no computador.
Um suporte em que Eduardo trabalha bem é na estampa de material gráfico para discos. Recentemente, a banda mineira Paralaxe usou o trabalho do artista na ilustração da capa do álbum “Quartzo”. No ano passado, Eduardo havia criado capas para vinis de um projeto chamado “Top Tracks” do YouTube. Os artistas em questão eram Ed Motta e as cultuadas bandas Arcad Fire e Mumford & Sons. Também fez arte para álbuns de destacados nomes da cena eletrônica, como o alemão DJ Hell.
Dedicação
Embora o lado designer de Eduardo Recife seja bastante procurado, seu sonho é poder se dedicar completamente às telas. O artista já expôs em galerias do Japão, Inglaterra, Estados Unidos, México e Lituânia, além das principais capitais do país. Em breve, seus desenhos estarão em Berlim, por ter sido um dos vencedores da concorrida competição Young Ilustrators Award.
“Tenho estudado muito a arte do desenho para trabalhar melhor a pintura. A intenção é cada vez mais investir no autoral”, conta Eduardo, que trabalha com diferentes técnicas em suas telas.