A trajetória artística do dramaturgo, ator e diretor João das Neves é o tema da exposição “Outro Mundo é Possível”, em cartaz até 4 de outubro, na Academia Mineira de Letras.
Assinando a curadoria ao lado de Rodrigo Cohen, a cantora Titane, que foi companheira do artista, pontua que o objetivo da mostra é transitar pelo universo do artista. Para isso, foram reunidos documentos, registros de trilhas, vídeos, fotos, depoimentos, fragmentos de textos, objetos cênicos e instalações que remetem à vida e obra do diretor, um dos mais importantes da cena brasileira.
Além de apresentar a trajetória do artista, a exposição é uma boa oportunidade para refletir sobre a importância da cultura nacional a partir das várias obras dele.
“Ele foi um homem que se deslocou muito na cultura brasileira, não só como um pesquisador, mas como alguém que vivia, convivia e residia em diferentes lugares”, pontua Titane.
Exposição
Apresentando as diferentes fases de produção do diretor, a mostra é dividida em quatro ambientes. O primeiro deles, chamado de “Anos de Chumbo”, reúne formações gerais sobre a primeira fase de produção do artista de 1960 a 1970, com destaque para o espetáculo “O Último Carro”, de 1969.
No percurso, o público pode conferir também registros de peças que foram censuradas no período da Ditadura Militar. “Algumas permanecem inéditas até hoje porque foram integralmente censuradas”, conta Titane.
“Deslocamentos – Sertão, Cidades e Floresta” é o segundo ambiente da mostra. Neste espaço, o público conhece a produção de João das Neves de 1980 a 2000. “Esse período reúne espetáculos que ele fez em espaços não convencionais”, conta a curadora. “Ele adaptou (obras de) Juan Rulfo para um túnel entre Belo Horizonte e Sabará: ‘Cassandra’ para uma pedreira desativada”, exemplifica.
Em um terceiro ambiente chamado “Camaradas” estão reunidos conteúdos sobre a produção do artista de 2000 a 2018, período em que João das Neves tratou de temas como o protagonismo de mulheres, negros, indígenas, gays e transexuais.
No quarto ambiente, que encerra a mostra, é feita a reprodução cenográfica de parte da biblioteca do diretor – que reúne originalmente cerca de 7.000 títulos – além de fotos e objetos pessoais. “É uma forma de o público entrar na vida domestica dele, ele vivia cercado de livros”, conta.
SERVIÇO
Exposição “Outro Mundo É Possível”, até 4 de outubro na Academia Mineira de Letras (Rua da Bahia, 1466 – Centro). Entrada gratuita