Ícone internacional do jazz

Pianista Amaro Freitas se apresenta em trio no grande teatro do Sesc Palladium

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
Publicado em 08/07/2022 às 09:40.
O pianista pernambucano (foto) divide o palco com os parceiros Jean Elton (contrabaixo) e Hugo Medeiros (bateria), que completam a unidade sonora do trio desde o primeiro álbum de Freitas (Divulgação)

O pianista pernambucano (foto) divide o palco com os parceiros Jean Elton (contrabaixo) e Hugo Medeiros (bateria), que completam a unidade sonora do trio desde o primeiro álbum de Freitas (Divulgação)

Após a música “Ayeye” ficar entre as dez mais tocadas da TSF, principal rádio francesa dedicada ao jazz, a agenda do pianista recifense Amaro Freitas ganhou um impulso que, em sete meses, o fez arrumar as malas por duas para tocar na Europa. 

Agora ele chega a Belo Horizonte para tocar no projeto “Full Jazz”, nesta sexta-feira, no Grande Teatro do Sesc Palladium, como uma das grandes estrelas internacionais do jazz contemporâneo com uma sonoridade que remete à ancestralidade.

O nome do terceiro e mais recente álbum, “Sankofa”, lançado em junho de 2021 e que tem “Ayeye” entre as oito faixas, sintetiza as opções musicais do pianista, arranjador e compositor, autor de jazz moderno que tem um olho no passado.

Sankofa é um símbolo adinkra, sistema de escrita dos povos acã, da África Ocidental. Sua representação é um pássaro que voa para a frente com a cabeça voltada para trás, carregando no bico um ovo. Passado e futuro juntos.

“O disco é uma continuidade de ‘Sangue Negro’ (2016) e ‘Rasif’ (2018), tendo o mesmo trio, em que trazemos a nossa vivência e discussões sobre música. Cada um teve um processo muito longo para ficar pronto”, afirma.

Entre uma e outra produção, Freitas absorveu várias histórias sobre ancestralidade. “Elas potencializam o lugar da negritude e nordestina, que, de certa forma, não fazem parte de nossa construção de ensino de base”.

Ele cita a história de Tereza de Benguela, escrava que, no século 18, virou rainha e liderou um quilombo. “Isso me afeta porque as decisões eram tomadas de forma coletiva. Quando lutavam contra os bandeirantes, tomavam as armas e faziam panelas”, registra.

Narrativas que alcançaram o pianista num momento em que se aprofundava nas polifonias não tradicionais. “O disco levou três anos para ficar pronto e conseguirmos desenhar bem o conceito artístico”, salienta.

Freitas entendeu, a partir de inspirações em Naná Vasconcelos e Moacir Santos, que o piano poderia ter percussividade. “Eu entendi que o piano funcionava como um tambor de 88 teclas”, assinala.

O piano do artista pernambucano tem as notas longas, mas tempera esse elemento com uma sonoridade mais quente. “Isso representa as várias camadas que me completam, as várias formas que são esse Amaro”, analisa.

Serviço

“Amaro Freitas em Trio, em Sankofa” – Nesta sexta, às 21h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1046 – Centro). Ingressos: de R$ 25 a R$ 60

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