Poemas de mulheres indígenas inspiram projeto de dança com artistas latino-americanos

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
25/02/2021 às 18:28.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:16
 (CARTOGRAFIAS/DIVULGAÇÃO)

(CARTOGRAFIAS/DIVULGAÇÃO)

Pouco antes do lockdown que fechou as fronteiras de países latino-americanos, em março do ano passado, o Grupo Contemporâneo de Dança Livre, de Belo Horizonte, já estava com passagem comprada para o Panamá, onde participaria de um espetáculo que reuniria bailarinos brasileiros, costarriquenhos e panamenhos.

A impossibilidade do encontro físico não desanimou o grupo, que logo partiu para trabalhos virtuais com características semelhantes. O projeto “Cartografias”, com início hoje, carrega a mesma proposta de dialogar com os hermanos da América Latina, buscando o que têm em comum em povo: a matriz indígena.

Produtora geral e integrante da companhia mineira, Duna Dias define o projeto – dividido em quatro espetáculos de 20 minutos cada – como encontros de improvisação por meio das plataformas digitais. “Aparentemente solitárias, com cada artista em sua casa e país, essas conexões vão acontecer ao mesmo tempo e ao vivo”.

Bailarinos de Argentina, Brasil, Colômbia, Costa Rica, México e Peru farão apresentações que, apesar de não serem coreografadas, trabalharão em torno de alguns dispositivos. Um deles é a relação entre corpo e câmera. “O outro é que estamos usando poemas para servir de inspiração e ajudar a iniciar este trabalho de movimento”, afirma Duna.

O poema que norteia todos os espetáculos é “Cartografias”, assinado pela escritora mineira Ana Martins Marques. Outros quatro textos, divididos entre as apresentações, são de autoras indígenas latino-americanas. “O projeto surge, primeiramente, do desejo de falarmos de nossos territórios”, salienta a bailarina mineira.

As indígenas que inspiram os espetáculos são Graça Graúna/Brasil, Graciela Huinao/Chile, Irma Pineda/ México e Yenny Muruy/Colômbia

“Quem nós, artistas latino-americanos, poderíamos reconhecer como protagonistas dessas narrativas? Como hoje falamos muito de romper hegemonias, que são eurocêntricas, nada mais justo e importante do que buscar as narrativas que nos constituem e que são a base de nossas nações”, explica Duna. 

O interesse por autoras mulheres vem da própria construção do grupo, “que sempre abriu os olhos e os ouvidos para narrativas pouco exploradas”. Além, evidentemente, de um fator numérico: dos quatro membros da companhia, três são mulheres – Heloísa Rodrigues e Socorro Dias se juntam a Duna. O único representante masculino é Leonardo Augusto.

Cartografias – De hoje a domingo. Sexta, às 20h, sábado e domingos, às 15h e 20h. Acesso gratuito pelo canal do YouTube do grupo

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