Ana Cristina Cesar começou a escrever poesia antes dos oito anos. Na escola, fazia jornaizinhos de papel datilografado e tinha sua própria editora, a “Problemas Universais”.
A poeta será homenageada da Festa Literária de Paraty (Flip) deste ano e lembrada em um livro fotográfico organizado pelo poeta Eucanaã Ferraz. A informação foi passada com exclusividade ao Hoje em Dia.
“Há fotos inéditas da Ana Cristina e também poemas nunca publicados ou publicados em edições menores, além de alguns manuscritos”, diz. Ana Cristina estudava numa escola protestante, no Rio de Janeiro, onde distribuía suas pequenas publicações e era tratada como poeta.
“Era uma autora criança. Imatura no que escrevia, claro, mas já mostrava seu valor. Esses textos dão uma mostra do que ela viria a se tornar”, afirma.
O que mais chamou a atenção do poeta na pesquisa para o livro, que será lançado pelo Instituto Moreira Salles – detentor do acervo da autora –, foi o seu lado “camaleoa”, as facetas reveladas.
Ana, ícone da poesia marginal dos anos 70, e que tirou a própria vida aos 31 anos, era também crítica literária e tradutora, inclusive da inglesa Emily Dickinson.
Periferia
Eucanaã Ferraz e o poeta e produtor cultural Sérgio Vaz dividem hoje a mesa “Do Centro à Periferia”, às 13h, na Bienal do Livro de Minas, que vai até domingo, no Expominas. A mediação é da poeta mineira Ana Elisa Ribeiro.
Sergio Vaz é fundador da Cooperativa Cultural da Periferia e criador do Sarau da Cooperifa, que, no Jardim Guarujá, em São Paulo, reúne até 400 pessoas para ler e também criar poesia.
“Os olhos do centro começam a se voltar mais para a arte produzida na periferia”, diz Eucanaã, que faz questão de frisar que não defende “sistema de cotas”. Ana Elisa Ribeiro concorda que os poetas “já furaram o bloqueio”.
Coletivos, saraus e atos individuais já são chamados a eventos nos centros tradicionais das grandes cidades. Em BH, por exemplo, o Sarau Vira-Lata divulga a poesia de autores independentes em vários pontos da cidade.
“Percebo que é uma poesia mais ligada ao vocal, é bastante rítmica. O livro impresso não é tão importante”, afirma Ana Elisa, poeta e professora de Literatura do Cefet-MG. Para ela, o fato de o tema estar na Bienal é um avanço.