TEATRO

Priscila Fantin protagoniza peça que fala sobre o amor em tempos de Tinder

Paulo Henrique da Silva'
phenrique@hojeemdia.com.br
29/07/2022 às 12:48.
Atualizado em 29/07/2022 às 13:03
Ao lado do marido Bruno Lopes, atriz produz e dirige o espetáculo “Preciso Falar de Amor Sem Dizer Eu te Amo (Divulgação)

Ao lado do marido Bruno Lopes, atriz produz e dirige o espetáculo “Preciso Falar de Amor Sem Dizer Eu te Amo (Divulgação)

Já na estreia do espetáculo “Preciso Falar de Amor Sem Dizer Eu te Amo”, em julho de 2018, na Casa da Ópera em Ouro Preto, a atriz Priscila Fantin viveu o primeiro desafio: o teatro não tinha mesa de luz e som. Ela e o marido Bruno Lopes, parceiros de cena e na direção, se apresentaram assim mesmo, com uma luz mais geral e sem trilha sonora.

“Foi incrível. O público amou. Ali a gente entendeu que só precisávamos de um bom texto e dos atores. Qualquer outra coisa que pudesse incrementar já seria lucro”, registra a atriz, que traz a peça pela primeira vez a Belo Horizonte, com apresentações nesta sexta e sábado, no teatro do Minas Tênis Clube.

Esse despojamento faz parte daquilo que Lopes chama de “causa nobre”, abrindo mão de exigir casas de espetáculos de primeira linha para ir onde o povo está. O casal já enfrentou desde goteira até a falta de uma escada de seis metros, que havia sido roubada e os impossibilitou de mexer na vara de refletores. “Usamos a luz do espetáculo anterior”, lembra o ator.

Ele observa que o fato de serem produtores, diretores e protagonistas, recorrendo ao essencial em matéria de luz e figurinos, deixaria 100% do espetáculo nas mãos deles. “As dificuldades seriam contornadas da melhor maneira possível, usando tudo que a gente entende como artista para entregar o melhor para o público”.

Esse conceito tem origem no convite que receberam para fazerem uma apresentação especial em Moçambique, na África, com renda revertida para uma organização que atende pessoas pobres com HIV. “Começamos a correr atrás de textos e pedimos ao Wagner D’Ávila para que escrevesse alguma coisa que fosse bem aceita lá”, lembra.

Após a recepção calorosa em Moçambique, a dupla voltou ao Brasil animada a dar continuidade ao projeto, a partir de um trabalho itinerante que pudesse ser apresentado mesmo em cidades onde não houvesse teatro, “sempre que possível linkando com alguma coisa social”, segundo Lopes, que já tinha experiência em produção teatral.

“Desde sempre queria produzir minhas próprias obras. A gente leu o texto pela primeira vez no Dia dos Namorados de 2018 e entendemos que nenhum outro diretor chegaria aonde tínhamos chegado. Já tínhamos tudo visualizado”, conta Priscila, que deu novo rumo à carreira desde então, deixando as telenovelas para mergulhar numa causa social.

“Depois que vimos o resultado, fazendo a diferença na vida daquelas pessoas em Moçambique, percebemos que tínhamos uma missão, usando a arte e a cultura para levar amor, atenção e visibilidade a pessoas que se sentem esquecidas numa instituição. Com recursos próprios, viajamos pelo país acreditando na causa, de que arte pode transformar a sociedade”, afirma.

Priscila e Lopes interpretam viúvos que tentam recomeçar a vida amorosa por meio de aplicativos  de encontro. "Através do que apresentam ao outro, eles acabam se descobrindo. Somos o que refletimos no outro, o que nossas ações geram no outro. Isso é algo inerente a todo humano, não só no campo da paquera", analisa a atriz.

A "missão deste espetáculo", diz Priscila, é mostrar que o amor permeia todos os seres e que é preciso se gostar antes de querer o outro. O tema é, segundo ela, trabalhando de forma leve, para provocar risos, mas ao final o espectador levantará da poltrona bastante mexido.

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