Proprietário de editora cria espaço para novos dramaturgos

Miguel Anunciação - Do Hoje em Dia
21/10/2012 às 17:42.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:25
 (Giostri/Divulgação)

(Giostri/Divulgação)

Na última sexta-feira (19), Alex Giostri viajou ao Rio de Janeiro. Foi conversar sobre dramaturgia brasileira contemporânea com vendedores da filial da Livraria Cultura. “Ninguém mais precisa falar sobre Paulo Coelho, todo mundo conhece. Mas novos autores de teatro é preciso apresentar direito, educar as pessoas”, argumenta o jovem proprietário da editora que carrega seu sobrenome, a que mais viria publicando dramaturgia no país.

Publicando e vendendo muito bem, obrigado, apesar de o mercado editorial mais conservador sentenciar que dramaturgia nacional recente não venderia. Errado.

“A Giostri teve a coragem e a ousadia de investir em um segmento praticamente ignorado pelas outras editoras: o da dramaturgia brasileira contemporânea. À exceção de medalhões como Nelson Rodrigues, Plínio Marcos, Dias Gomes e Ariano Suassuna, é raríssimo encontrar o teatro brasileiro que se faz hoje representado nas livrarias. A iniciativa da Giostri contempla a produção teatral contemporânea e revela a multiplicidade dos novos autores que escrevem para os palcos. São centenas de textos que, não fosse pela editora, estariam condenados a permanecer nas gavetas ou a circular por e-mails trocados entre autores e alguns poucos amigos”, elogia Sérgio Roveri, dramaturgo e jornalista, autor de quatro peças editadas em um mesmo volume.

Fundo nas drogas

E quem é este cara? Paranaense de Umuarama, Alex Giostri afundou nas drogas na juventude. Cometeu uma porção de delitos enquanto viveu no Rio de Janeiro, foi detido por isso algumas vezes - o Google registra - até reencontrar os livros e se regenerar. Na universidade, pesquisou roteiros para cinema e as possibilidades que a psicanálise e a filosofia forneceriam à dramaturgia. Ao encadernar textos de novos autores para estudos acadêmicos, descobriu um caminho: promover leituras dramáticas, entre 2002 e 2004.

“Fazia numa livraria de Ipanema. Através do site recebia os textos e selecionava propostas de atores e diretores interessados em participar”, recorda Alex. “Quando vi, estava completamente envolvido com a editora”. Se racionalizasse, escolheria outra fonte de renda. Mesmo que “adore” operar com livros. “É o que me dá prazer. Se procurasse apenas ficar rico, teria uma franquia do McDonald’s”, reforça.

O ritmo de trabalho, porém, seria pesado: “Tento ler dois contos do Cortázar há quase dois meses”, afirma Alex. Leria, em média, seis livros por semana. Recusaria muitos textos submetidos à sua apreciação, por razões insuspeitadas. “Levo mais em conta o interesse e o planejamento de carreira do autor, se a dramaturgia tem um proposta”.

 

Leia mais sobre o trabalho de Giostri na Edição Digital

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