Reflexões sobre todas as formas de amar

Thais Oliveira - Hoje em Dia
17/06/2015 às 09:55.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:31
 (Divulgação)

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Nunca se teve acesso a tantas declarações de amor como nos dias atuais. Com a internet (e, em particular, com as redes sociais), as pessoas ganharam – e tratam de não desperdiçar – a chance de espalhar todo o tipo de afeto que carregam no peito. “Mas tudo isso é uma ilusão, é película. A realidade é muito diferente”, entende o poeta Wilmar Silva de Andrade.

Apesar de não estar totalmente satisfeito com as formas que o novo mundo diz amar – aliás, talvez, essa tenha sido justamente a sua motivação –, Wilmar resolveu colocar a chancela de sua editora, a Anome, no livro “O Amor no Terceiro Milênio” (300 páginas, papel pólen, letras em vermelho sangue), que será lançado nesta quinta-feira (18), a partir das 19h, na Academia Mineira de Letras (AML). O motivo? “Quero provocar uma reflexão sobre esse sentimento, para que as pessoas o coloquem em prática”. Prática que, diz Wilmar, passa pela tolerância e respeito às diferenças – atitudes que, vamos combinar, andam meio escassas por aí.

Plural

Antólogo da publicação, o poeta convidou 95 autores. O resultado espraia-se em 289 páginas, que contemplam as mais diferentes visões e linguagens sobre o amor.

“Queria que o livro fosse múltiplo, plural. Por isso não fiquei restrito a poetas, convidei músicos, letristas, artistas plásticos, antropólogos, psicanalistas... Pessoas que trabalham com a literatura, mas que não são da literatura”.

Reflexão

Entre tantos autores, impossível destacar um e outro, para não incorrer na injustiça. Contudo, Wilmar Silva chama a atenção para o texto do guitarrista Francesco Napoli. “Ele traz um poema em forma de questionamento, com uma única frase, deixando o restante da página em branco – o que não deixa de ser uma reflexão sobre o amor”.

E por falar em “forma”, o poema de Bianka de Andrade – “Assunção”, que tem uma dimensão bíblica – aparece diagramado como um cálice. “Como se tivéssemos nos tornado corpos em massa. Porém, somos um povo híbrido e pergunto: será que aceitamos mesmo as nossas diferenças?”, indaga Wilmar.

‘Como sustentar as relações no mundo atual?’, diz Wilmar

Para Wilmar Silva, a necessidade de falar sobre o amor é premente. “Mesmo na aparente liberdade que temos hoje, existe uma dificuldade extrema de refletir e de vivenciar o amor”. Isso aconteceria, diz porque, ainda que o terceiro milênio tenha chegado, a sociedade, do ponto de vista comportamental, parece viver no século passado.

“O século 20 vivenciou rupturas de linguagens, o país passou por muitas mudanças e movimentos artísticos, como a Semana da Arte Moderna, e políticos, como a abertura democrática. Experiências muito fortes e complexas naquele período e agora, no início do terceiro milênio, as relações estão completamente fragilizadas. Fala-se tanto em sustentabilidade, mas como sustentar as relações no mundo de hoje? Precisamos pensar a respeito”, conclui.

“O Amor no Terceiro Milênio” – Lançamento nesta quinta-feira (18), a partir das 19h, na AML (rua da Bahia, 1.466). O livro inclui poemas dos saudosos Alécio Cunha (jornalista), Esthergilda Menicucci (artista) e Tácito Naves Sanglard (escritor)


 

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