Renegado promove encontro do boné aba reta com o smoking

Thiago Pereira
talberto@hojeemdia.com.br
10/11/2017 às 17:11.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:38
 (Divulgação )

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É sempre difícil cravar essas coisas, mas mesmo consultando o HD mental, ou depois de uma pesquisa ligeira no Google, não consegui encontrar algo semelhante ao que Renegado e a Orquestra Sinfônica do Sesiminas irão fazer neste sábado: executar o repertório do músico, voltado ao rap, com arranjos sinfônicos. “Cara, eu também não me lembro de nenhuma experiência deste tipo”, diz o cantor. “É um desafio muito grande, mas também muito legal para mim. Uma comunhão de coisas que a música trouxe para minha vida”, agradece.

Pelo menos em Minas Gerais, o show é, portanto, uma experiência pioneira. É também um desejo de tempos do artista, um dos nomes mais potentes da música mineira. A vontade de se encontrar com o erudito era antiga, diz Renegado e o convite para ressignificar um espaço–a sede da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais– predominante frequentado pelo público de música clássica e erudita chegou em boa hora. “Estamos todos muito entregues neste processo, ensaiando muito. O Marco Antônio (Maia Drummond, maestro regente) está sendo muito carinhoso, o Marcelo (Ramos, responsável pelos arranjos) ‘tirou onda’, ficou tudo lindo. Está rolando uma energia especial”, elogia.

CONEXÕES
“Durante um tempo, existia essa discussão se o rap era ou não música”, lembra Renegado, sobre esta conexão que, seguramente, soaria bastante improvável há algumas décadas atrás. “Hoje estamos falando do rap como uma grande fala, imponente, particular e cheia de beleza. Neste sentido, este é um encontro natural, já que estamos falando da música mais consumida e ouvida no mundo hoje, produzida e feita em vários lugares. Sinto uma quebra de paradigmas muito grande, porque este lugar, da produção erudita, é um lugar que o povo não acessa. E o rap é a música do povo. Neste projeto, sou um ponto de interseção entre estes dois espaços”, diz.

Batizado de “Suite Masai”, o nome do espetáculo é referência ao indivíduo de um povo africano semi-nômade que habita o norte da Tanzânia, no centro e no sul do Quênia. É também a descendência de Renegado, que mergulhou em pesquisas acerca desse guerreiro e exímio caçador que busca o respeito da tribo e o alcance dos sonhos. “Minha tribo é o mundo”, lembra o músico, fazendo referência ao álbum que lançou em 2011. “Mas esta é minha tribo particular. Tenho várias coisas em comum, costumes, crenças, o nomadismo. Assim como eles, acredito em saltar mais alto para alcançar sonhos. E compartilha-los com os irmãos”.

O encontro entre Flávio Renegado e a Orquestra de Câmara Sesiminas acontece neste sábado às 20 horas na Sala Minas Gerais (Rua Tenente Brito Melo, 1090– Barro Preto). Ingressos: R$ 30 e R$15 (meia entrada)

  

A África é inspiração para a concepção cênica do espetáculo– que tem luz de Gabriel Pederneiras e figurino de Matheus Couto– e para o repertório de 15 músicas, que além das canções de Renegado, incluem pérolas negras nacionais como Luiz Melodia, Vander Lee e Moacir Santos.

Tamanha sofisticação inspira a inevitável questão: vai trocar a aba reta pelo smoking, Renegado? “Isso é surpresa”, brinca ele, cheio de mistério.

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