(Divulgação)
De fato, o ditado “santo de casa não faz milagre” já teve muito a ver com a carreira de Toninho Geraes. Nos últimos tempos, porém, o sambista mineiro tem mudado esta realidade. Natural de Belo Horizonte, o cantor e compositor foi viver no Rio de Janeiro em 1980, onde superou dificuldades para construir uma carreira sólida. Hoje, o bamba tem cinco discos na bagagem e músicas gravadas por nomes como Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Martinho da Vila e Emílio Santiago. Ainda assim, boa parte do público mineiro o conhece só há pouco tempo.
É que, apenas de alguns anos para cá, o artista voltou a fazer shows na capital mineira. O próximo deles acontece neste sábado (16), no Contemporâneo. Assim como em suas últimas apresentações nas Alterosas, o sambista vai dividir o palco com o “afilhado” Fernando Bento, expoente cavaquinista, cantor e compositor de BH.
Em entrevista ao Hoje em Dia, Toninho Geraes faz mea culpa por não ser tão conhecido em BH como no resto do Brasil. “Tem uma culpa minha nisso. Quando eu comecei a fazer samba, em BH, não tinha muito exigência com a parte musical. Não me preocupava em escolher a banda, em ensaiar. E fiquei muito tempo sem ir a BH. Isso fez com que eu ficasse esquecido”, sublinha “Mas as coisas mudam. A carreira vai ficando mais profissional e menos boêmia. É um momento de mais lucidez. Tenho um norte, sei o que quero”, completa.
O sambista afirma que o show com Fernando Bento já aconteceu em um formato semelhante, no ano passado, com bastante êxito. “Eu toco no Brasil todo. Cerca de 40% dos meus shows são em São Paulo e, o resto, no Rio e em outras cidades. As pessoas têm visto o meu trabalho de outra forma”, pontua, destacando a parceria com o produtor musical Alexandre Cardoso. “Hoje, os shows em BH são certeza de casa cheia”.
Mas, para chegar até aqui, o artista mineiro teve que trilhar uma caminhada árdua. “Quando vim para o Rio, morei na rua. Eu tinha 17 anos. Dividia ônibus e cachorro-quente com o Seu Jorge, que estava na mesma situação. Já que era para morar na rua, pelo menos escolhi Ipanema”, diverte-se. “Eu tinha algumas músicas e um dia estava dando canja na Império Serrano. Um olheiro da EMI viu e me convidou para um projeto de novos talentos. Daí veio ‘Na Aba do Pagode’, meu primeiro disco (1987). Ali eu ainda era o Toninho Ribeiro. O apelido foi o Zeca Pagodinho quem deu”, conta.
Materiais e parcerias
Com outros quatro discos gravados – “Tudo que Sou” (2015), “Preceito” (2009), “Samba de Botequim” (2001) e “Chances Iguais” (1987) – o mineiro prepara-se para lançar seu primeiro DVD, que deve sair até maio deste ano. “O repertório deste show em BH já conta com algumas músicas do DVD. Ele foi gravado em uma apresentação no Cacique de Ramos, no Rio, em que contei com a participação de dois músicos mineiros, o Fernando Bento (cavaquinho) e o Robson Batata (percussão)”, afirma, citando canções como “Alma Boêmia”, “Se a Fila Andar”, “Mais Feliz” e “Oxóssi”.
Geraes não poupa elogias para falar do parceiro de palcos, viagens e botecos. “O Fernando é um artista completo, que tem um conhecimento harmônico muito especial, profundo e caprichoso. Um cara muito dedicado e exigente com a questão da harmonia e da melodia. E em quem eu também aposto minhas fichas como cantor, porque tem uma voz espetacular”, afirma.
A recíproca de Bento, que assina a direção musical dos shows de Geraes na capital mineira, é totalmente verdadeira. “Tenho mais de 15 anos de convivência com Toninho, que é meu ‘padrinho’ no samba. Além de ótimo compositor e intérprete, é uma muita pessoa muito contagiante”, diz o mineiro. “Como ele ficou muitos anos sem vir a BH, agora o público está apaixonadíssimo. Eu fico muito lisonjeado de fazer parte dessa história”.
Serviço. O show de Toninho Geraes e Fernando Bento acontece neste sábado (16), a partir das 13h, no Contemporâneo (rua Rio Grande do Norte, 138 – Santa Efigênia). Ingressos entre R$ 20 e R$ 35.