CINEMA

Serial killer de 'Halloween Ends' vira um agitador do rompimento da crença na humanidade

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
Publicado em 18/10/2022 às 07:10.
A eterna mocinha Laurie Strode alerta sobre como nos tornamos cúmplices ao alimentarmos o Mal (UNIVERSAL/DIVULGAÇÃO)

A eterna mocinha Laurie Strode alerta sobre como nos tornamos cúmplices ao alimentarmos o Mal (UNIVERSAL/DIVULGAÇÃO)

A nova trilogia baseada em Michael Myers, um dos grandes vilões do cinema de horror, reembalada por David Gordon Green sob as bençãos do realizador original John Carpenter, chega ao final em “Halloween Ends” reforçando um confronto mais realista com o serial killer.

O personagem lançado por Carpenter em 1978, embora tenha embates dignos de sustos com seu facão, deixou de ser o Mal único da série, transformando-se quase num coadjuvante. Velho e desgastado, ele é engolido por monstro bastante atual: a mente fantasiosa das pessoas.

A eterna mocinha Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) distribui vários discursos ao longo da narrativa deste terceiro capítulo, de como nos tornamos cúmplices ao alimentarmos esse Mal, tornando-nos piores em relação àquilo que provocou comoção e manchetes nos jornais.

O preconceito e a intolerância se tornam mais letais que o próprio Myers. A maneira como Corey, um babysitter traumatizado pela morte de um garotinho, é tratado pela comunidade acaba o levando, de maneira figurada e literal, ao encontro do grande matador do Halloween.

A cena desse encontro é bastante simbólica: Corey apanha e é jogado de uma ponte. Lá embaixo está Myers vivendo num mundo próprio, pegando “restos” que caem lá de cima, sem chamar tanta atenção como antes. A juventude e obstinação do jovem servem para ressuscitá-lo.

O lugar improvisado onde Myers mora pode muito bem ser a nossa mente. Ou melhor, a mente cada vez mais atormentada de Corey, que vira um pária da sociedade, assim como Laurie, criticada por ser um ímã de ataques do serial killer em outros tempos/filmes.

Há uma grande ligação entre eles, uma existência de dependência, se podemos dizer assim. A certa altura nos perguntamos a razão de os personagens principais não terem saído de Haddonfield, mas eles carregam uma atração mórbida pelo o que representa Myers.

O serial killer vira, em “Halloween Ends”, um agitador que, mais do que o rastro de mortes, deixa como legado principal o rompimento da crença na humanidade, colocando uns contra os outros. Não se trata mais da eliminação de Myers, mas do escancaramento do que há de mais negro em nossa alma. 

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