Simone Lial, com samba, e Val Donato, com rock, investem em inéditas

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
02/08/2015 às 08:58.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:11
 (Divulgação)

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A máxima de que o Brasil é o país das cantoras parece cada vez mais respaldada pelo volume de lançamentos que aportam ao mercado: caso das investidas de Simone Lial e Val Donato. Diretamente de Campina Grande, na Paraíba, Val lança seu primeiro (e autoral) álbum, “Café Amargo”, apostando no rock (do hard rock a baladas). Um dos chamarizes é a participação de Leoni, na faixa “Cargas”.   Nascida em Ramos, Simone Lial resolveu apostar suas fichas no samba – e com conhecimento de causa: ela é um dos vários expoentes que fazem da Lapa um dos lugares mais procurados hoje, no Brasil, por quem gosta do gênero.   “Minha escola foi – e é – o samba. Fui abraçada por ele desde pequena, porque era o que mais ouvia em casa – apesar de ouvir de tudo”, diz Simone, lembrando que seus primos mais velhos frequentavam o Cacique de Ramos. “Eu era muito pequena para sair no bloco, mesmo assim, pedia, quase chorando, para ir, porque adorava toda aquela movimentação carnavalesca”, lembra.   Encantamento   Na lista de influências, Fundo de Quintal, Arlindo Cruz, Sombrinha, Almir Guineto, Martinho da Vila, Monarco, Candeia, Cartola, Chico Buarque e Paulinho da Viola. “Mas também ouvi muito Elis, Cassia Eller, Caetano e Gil. O samba é a minha matriz, mas ouço tudo que me emociona, que fala de alguma forma comigo. Tem de haver um encantamento”.   Como Val Donato, Simone optou por gravar inéditas. “Existem muitos compositores talentosos e que não foram gravados ainda. Nada contra regravações, mas prefiro este caminho”, diz ela, que apostou nos frutos da parceria Maurício e Leo Maturo.    Segurança   Ao trabalhar sobre as faixas que entrariam em seu disco de estreia, Val tentou não se prender a um conceito definido.   “Queria ter a liberdade de ir compondo enquanto gravava outras músicas. E fiz questão de estar bem satisfeita com o resultado de todas as músicas e o efeito delas juntas e em sequência. Só lançaria como um disco depois de me sentir segura tendo um bom trabalho como base, mas a ideia de gravar surgiu desde que optei pela música. Se é que foi uma opção”, ri.   “Para Mim, Você” foi o primeiro single. “Achei importante ter um clipe para dar ‘uma cara’ à voz A gravação foi uma parceria com André da Costa, cineasta paraibano”, conta ela.   Café amargo   A gravação foi uma parceria com André da Costa, cineasta paraibano”, conta ela. Posteriormente, ela compôs duas músicas ("Casos Noturnos" e "Faca Amolada") que fizeram parte da trilha sonora do longa: "Tudo Que Deus Criou", de Costa, com Leticia Spiller, Guta Stresser e Maria Gladys, entre outros.
Já sobre a participação de Leoni, ela conta: "Recebi o convite para abrir o show do Leoni em duas oportunidade em João Pessoa. No segundo show, tivemos uma aproximação maior e cantei com ele a música 'Por Que Não Eu?' (YouTube). Nesse processo de gravação do disco, havia finalizado mais três faixas e resolvemos mandar para ele, dizendo que, caso ele se interessasse, seria uma honra pra mim contar com sua participação em meu disco, cantando uma composição minha. Quando ele topou e escolheu a música 'Cargas', fiquei feliz demais e o resultado foi lindo. Leoni é um cara que admiro muito pela qualidade das suas composições, pela voz, pela poesia e por ser uma grande pessoa. Tenho muito orgulho dessa gravação".
Já sobre "Café Amargo", que dá nome ao álbum, Val conta que o clipe também está disponível na internet e no site da cantora. "Um funk rock com uma letra que te prende a atenção narrando um dia comum do cotidiano, no qual sempre aparece um momento que pede um café amargo pra encarar a vida". Incentivada a falar sobre a cena musical paraibana, ela lembra que a música de seu estado sempre foi um berço de artistas extremamente criativos.   "Atualmente, o movimento está fervendo de bandas em diversos estilos, lançando trabalhos muito fortes, cheios de personalidade e qualidade. Uma leva maravilhosa de compositores está movimentando uma cena que se fortalece a cada dia com o crescimento constante do público que preza pelo trabalho autoral e este público já permite a sobrevivência de bandas independentes em shows autorais. Isso é fundamental, pois dá ao artista uma confiança de se arriscar em outros lugares para espalhar seu trabalho pelo país. E tá sendo assim comigo", finaliza.
O poder da superação
Simone Lial, por sua vez, conta que conheceu Maurício Maturo (que assina as composições de seu álbum) quando o rapaz apareceu para fazer aula de canto com ela. "Ele me mostrou uma linda composição, virei sua fã descobrindo suas outras músicas. Depois de anos de amizade, ele me mostrou as composições em parceria com o Leo, tivemos várias reuniões para escolher o repertório de sambas da dupla. E preferi os sambas que falavam da superação da dor, que falavam de amor. Porque você chega na roda de samba e sente que existe o poder da superação, o poder da alegria que contagia ajudando a todos se libertarem das suas dores. Como dizia Candeia, o samba liberta. E como diz Paulinho da Viola, 'o samba é alegria, falando coisas da gente, se você anda tristonho, no samba fica contente...'”
Mesmo sem citar uma faixa específica como sua "menina dos olhos" ("todas calaram fundo de alguma maneira, porque não sei cantar se não tiver este envolvimento"), Simone acaba falando de "Insana", "da mulher que sabe de tudo que acontece mas que, mesmo assim, aceita seu homem do jeito que ele é, e faz o que pode para transformar a si mesma enxergando em todas as suas dores algo de positivo". E prossegue: "Ela diz: 'se ele me engana, eu ganho a fama de um folhetim... se ele me ama eu sigo insana eu sou assim', superando a indesejada traição.   Ela é o que eu chamaria de mulherão, forte, inteligente e saudável, porque sabe que é ele que ela quer naquele momento. Não tem a postura enjoada da mulher ciumenta, cheia de vontades. Assume que ama e que aceita. Essa pra mim tem uma sabedoria toda especial e uma força muito bonita". Outra faixa na qual ela se detém é "Despedida". "Que é a mulher que já aceitou tudo, amou muito mas que chegou no seu limite e desiste de viver no sofrimento, se despedindo definitivamente. Geralmente é a hora em que o homem se arrepende de tudo o que fez (risos)".
Simone Lial, vale lembrar, já esteve em BH, durante uma das edições da Festa da Música, como integrante da Orquestra Criola. "Foi lindo, tocamos num lugar maravilhoso, de onde se pode ver a cidade inteira, a Praça do Papa. O público é muito especial, interessado e participativo, adorei!". Sobre o disco novo, ela conta que o lançamento aconteceu no Teatro Municipal de Niterói, dia 27 de junho, um sábado.   "O teatro é lindo, tem uma estrutura excelente de produção e um cuidado especial com os artistas, adoro estar naquele palco. Foi um show inesquecível! Quanto à Lapa, sempre que possível me apresentarei por lá. Minha história artística se confunde com a da revitalização do bairro boêmio, e tenho um carinho especial pelo bairro e algumas casas onde me apresentei durante anos", conclui.      

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