CULTURA

Sucesso de público e crítica em 2023, ópera “Matraga”, de Rufo Herrera, volta ao Palácio das Artes

Espetáculo leva ao palco o universo do sertão de Guimarães Rosa em apresentações de 17 a 20 deste mês

Do HOJE EM DIA
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Publicado em 06/05/2025 às 07:30.
 (Guto Muniz/divulgação assessoria FCS)
(Guto Muniz/divulgação assessoria FCS)

Baseada em “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”, último e mais emblemático conto de “Sagarana”, primeiro - e consagrado - livro do mineiro Guimarães Rosa, “Matraga” é um “Faroeste Caboclo” em três atos. Depois do sucesso de público e crítica registrado em 2023, parte do épico da literatura brasileira chega novamente ao palco do Palácio das Artes em formato de ópera. Libreto e música de Rufo Herrera, um dos fundadores da aclamada Orquestra Ouro Preto.  As apresentações ocorrem de 17 a 20 deste mês.

No conto de Guimarães Rosa, Matraga é um fazendeiro poderoso e violento, “duro, doido e sem detença, como um bicho grande do mato”, rude como as terras remotas de Minas. Por temperamento, desprezo e ganância, perde tudo: dinheiro, posses e mais. Traído pela mulher, Dionóra, ao tentar recuperá-la e vingar sua honra, é emboscado e espancado pelos inimigos, os capangas do Major Consilva. Atirado de um despenhadeiro num abismo, é dado como morto. Salvo pela bondade de um casal humilde, em busca do perdão para seus pecados e de um lugar no Céu, apega-se à religiosidade. 

Aparentemente resignado, Matraga conhece então o jagunço Joãozinho Bem-Bem, “o arranca-toco, o treme-terra, o come-brasa, o pega-à-unha, o fecha-treta, o tira-prosa, o parte-ferro, o rompe-racha, o rompe-e-arrasa”, que desperta seus instintos mais primitivos. Matraga oscila entre a crença, a esperança – que não consegue abandonar – e a violência de sua natureza.

"Matraga é ousado e contemporâneo"

Para o presidente da Fundação Clóvis Salgado, Sérgio Rodrigo Reis, “’Matraga’ é um espetáculo ousado, contemporâneo, com características operísticas e sob inspiração de uma dramaturgia tipicamente mineira. Escolhemos o que em Minas é mais universal: a genialidade de João Guimarães Rosa”.

Para a diretora, Rita Clemente, “’Matraga’ é ópera em seu sentido mais arquetípico e menos corriqueiro. Temos aqui um modo muito especial de fazer uma ópera. O que oferecemos aqui não é uma nova maneira, é um diferente modo, onde teatralidade e musicalidade estão intimamente ligadas. ‘Matraga’ comemora a mineiridade”. 

Narrado em terceira pessoa, o conto enfatiza duas constantes no sertão: a violência e a crença. E uma inconstante, a redenção do crime, com castigo, penitência, perdão e destino, através do catolicismo popular: “reze e trabalhe, fazendo de conta que esta vida é um dia de capina com sol quente, que às vezes custa mais a passar, mas sempre passa. E você ainda pode ter muito pedaço bom de alegria… Cada um tem a sua hora e a sua vez: você há de ter a sua”.

Serviço:

“Matraga”, da obra de João Guimarães Rosa | Ópera em três atos, de Rufo Herrera

Quando: 17/5 (sábado), às 19h, 18/5 (domingo), às 18h, e 19/5 (segunda-feira) e 20/5 (terça-feira), às 20h

Local: Palácio das Artes -  Afonso Pena, 1537, Centro, BH

Ingressos: R$ 60 a inteira e R$ 30 a meia-entrada

Classificação Indicativa: 10 anos

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