Sábado à tarde num cinema de shopping em Belo Horizonte. Os espectadores que compraram ingresso para o filme “Sob a Pele” começam a se inquietar a sala, achando que entraram na sala errada quando as cenas iniciais de “Como Treinar o Dragão 2” são projetadas na íntegra.   A exibição desses teasers estendidos vem substituindo os tradicionais trailers, com reações difusas da plateia. Outra produção que usou esse expediente foi “Capitão América 2”, apresentando os primeiros 11 minutos do filme. “É (uma estratégia) mais contraproducente do que eficaz”, observa o crítico de cinema Marcelo Muller.   “A impressão que tenho é que a maioria dos espectadores se sente lesada, ao invés de ‘presenteada’, pois foi ao cinema assistir a um filme e, de cara, é submetida a um apêndice nem sempre desejado. Na internet a modalidade funciona, pois há o poder de escolha”, destaca.   Para Christian Petermann, também crítico, a ação é resultado  de um certo desespero quanto às rápidas mudanças de comportamento e consumo do espectador global diante da pirataria e da rápida acessibilidade em canais e plataformas on demand.   “Até agora, Capitão América 2 e Dragão 2 têm aberturas adequadamente fascinantes em cada gênero. E isso ajuda, em linhas gerais,  ‘na venda do produto’. Mas não acredito que  se torne uma tendência – caso contrário, roteiros futuros teriam mais uma amarra estrutural: a de iniciar sempre e rigorosamente de forma hiperbólica”, alerta.   Lucas Salgado, do site AdoroCinema, só vê sentido nessa estratégia do ponto de vista mercadológico. “Prende melhor a atenção do espectador e dá um gostinho na boca, ainda mais quando o início é empolgante. Mas em alguns casos, como em O Espetacular Homem-Aranha, a impressão é que o filme já tinha sido visto antes de chegar aos cinemas”.

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