Um dos principais aspectos de “Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore” é a abordagem política, cada vez mais vinculada à realidade histórica da década de 1920, com a ascensão do nazismo.
A ideologia hitlerista ganha um paralelo com o movimento dos bruxos. Antevendo o que está por vir (a Segunda Guerra Mundial), uma ala quer subjugar os trouxas (humanos) e dominar o mundo.
No terceiro episódio, fica mais evidente esses elementos históricos, com a manipulação das massas a partir da supremacia de uma raça, colocando em lados opostos amigos e grandes amores.
Newt Scamander (Eddie Redmayne) é ainda o protagonista, mas a sua importância nesse momento de decisão é deslocada para Dumbledore (Jude Law), que vive um intenso impasse amoroso.
O interesse romântico de Scamander praticamente desaparece, abrindo maior espaço para o amigo Jacob (Dan Fogler), que se torna o personagem com maior identificação do público nessa continuação.
O humor ainda está presente, mas o lado sombrio prevalece com a entrada de Mads Mikkelsen, que substitui Johnny Depp. Longe de copiar os trejeitos de seu antecessor, ele cria um vilão fascinante.
É nesse ponto que a nova franquia baseada nas histórias de J. K. Rowling sai da sombra da saga de Harry Potter. É um trabalho menos vertical em relação ao desenvolvimento emocional dos protagonistas.
“Animais Fantásticos” faz um caminho diferente, horizontal, ampliando cada vez mais a discussão política sobre o peso de nossas escolhas. Em tempos de crescimento da extrema-direita, é relevante.
Embora não se saiba ainda quais serão os desdobramentos da trama (estão previstos mais dois capítulos), até aqui “Animais Fantásticos” mostra que o grande tema são as perdas geradas por aquilo que não podemos controlar.
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