Ugo Giorgetti tem 12 de seus longas disponíveis em plataformas digitais

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
29/07/2016 às 17:11.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:03
 (Divulgação)

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Ugo Giorgetti rebate, divertido, quando o repórter indaga se o fato de todos os seus filmes serem localizados em São Paulo é uma maneira de não sair da “zona de conforto”, falando de uma cidade que ele conhece muito bem. “Se alguém disser que está confortável em Sampa é porque tem algo errado com ele”, assinala o cineasta, que acaba de ter 12 títulos lançados em Video on Demand (VOD).

Filmes como “Sábado” (1994), “Boleiros – Era uma Vez o Futebol” (1998), “O Príncipe” (2002) e “Uma Noite em Sampa” (2016), todos eles disponíveis na plataforma digital (iTunes, Google Play e Vimeo), fazem um percurso afetivo e irônico por ruas e edificações da metrópole brasileira. “Nasci aqui, meus pais e filhos também. Estou condenado a essa cidade”, avisa.

Ele confessa que tem medo de falar das coisas que não conhece. Defende que todos os personagens precisam ter endereço. “É perigoso esse vagal dos personagens nos filmes, como se estivessem flutuando no espaço. Não é bem assim. Algumas cidades, São Paulo sobretudo, carregam uma mitologia. Mas nem os modernistas conseguiram mostrar isso, em termos de imagem”, analisa.

Seus filmes são grandes encontros de pessoas de origens diversas. “Essa é outra vantagem de morar em São Paulo. Somos obrigados a conviver com pessoas muito diferentes de nós. Mas muitas vezes uso o encontro para falar do desencontro, como em ‘O Príncipe’, em que o protagonista volta à cidade depois de 30 anos”, observa Giorgetti.

Esses desencontros estão relacionados a outro tema constante na filmografia do realizador: a espera. “Às vezes você passa a vida inteira esperando algo acontecer e nunca acontece”, afirma. Esse olhar também explica o fato de seus filmes estarem cada vez mais críticos e saudosistas, como “Solo” (2009), sobre um homem que fala de um mundo que não mais lhe pertence.Divulgação / N/AUMA NOITE EM SAMPA – Ao saírem de teatro, ricos de São Paulo não conseguem voltar para casa e, amedrontados, eles começam a perceber os moradores de rua e a escuridão ao redor

Venturi é o próximo
Ter seus filmes disponíveis em VOD é uma maneira de abrir que portas, “até porque não existem muitas hoje em dia”. Ele lamenta que cada vez mais se perde acesso ao público em geral. “Sinto-me lisonjeado, feliz, com essa possibilidade que o pessoal da O2 está me dando”, anima-se. A O2 é a produtora de Fernando Meirelles, diretor de “Cidade de Deus”, que abriu em 2013 a O2 Play.

O pacote com filmes de Giorgetti é o primeiro de uma série de diretores e talentos do cinema brasileiro que a O2 Play pretende recuperar. Em setembro, será a vez do cineasta Toni Venturi e, a partir de 2017, a ideia é lançar um diretor por mês.

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