Principal novidade do Carnaval de Belo Horizonte neste ano, a sonorização de vias, com a instalação de caixas de som para turbinar a folia, será ampliada em 2025. A avenida Brasil, próximo à Praça da Liberdade, passará a integrar o circuito, que contou na última festa com trechos da Andradas, na região Leste, e da Amazonas, na região Central. O investimento novamente será feito pelo Governo de Minas, conforme antecipou o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira.
O ponto exato na avenida Brasil ainda está sendo definido, mas a tendência é que seja logo após a Afonso Pena, onde alguns blocos já desfilam. Na festa de 2024, os equipamentos possibilitaram que o som dos carros elétricos e das baterias dos grupos fosse ouvido a 300 metros de distância. Uma pesquisa feita pela secretaria mostrou que mais de 90% dos foliões aprovaram a medida.
“Foi um sucesso no ano passado”, resume Leônidas, que concedeu entrevista ao Hoje em Dia para falar sobre os próximos investimentos não só na folia da capital, mas também no interior. Ele também falou sobre a grande expectativa pelo reconhecimento do Queijo Minas Artesanal como Patrimônio Imaterial da Humanidade, aportes para o setor da moda e ações para promover o turismo no território mineiro.
"O ano que vem promete", garante Leônidas (Maurício Vieira)
O Governo de Minas acaba de anunciar um investimento de R$ 4 milhões para eventos de pré-Carnaval. Como foi a elaboração desse projeto e qual a importância de se investir no pré?
Nós temos um histórico de Carnaval. Nos anos com mudança política, o Carnaval é próximo à chegada do novo gestor. Às vezes tem Carnaval, às vezes não. A nova equipe não consegue fazer como devia o processo licitatório. Então, nós queremos, com isso, dar uma certa segurança aos grupos, às escolas, ao setor que prepara o Carnaval. Quando você faz a pré-produção, agora em setembro, outubro, você consegue preços melhores no mercado. Se você for olhar o som, a reserva e, nem só isso, os grupos têm que fazer um aporte de recursos quando vai fazer a reserva, que muitas vezes os blocos não têm. Quando a gente vai para os blocos caricatos e as escolas de samba, é ainda pior. Assim, quando chega janeiro, quando vir a produção em si, já tem um caminho, já fecha a conta. Esse é o objetivo.
O Carnaval de BH já é um fenômeno. Há algum plano traçado, com estratégias para fomentar ainda mais a festa do interior?
Depois que nós fizermos essa pré-produção, vamos abrir um edital para o interior e para a capital. Tem também a campanha, que esse ano vamos repetir. Nós fizemos parcerias com nove capitais ano passado. Esse ano eu quero dobrar o número de capitais. Gostaria, e eu tenho falado isso muito, que a gente abraçasse o Nordeste do Brasil, que tem um Carnaval muito bonito, mas Belo Horizonte tem suas particularidades que são muito atraentes. Nós vamos, nesse ano, fazer uma campanha internacional dos lugares onde somos servidos com voos. Isso significa que nós vamos promover o Carnaval em Portugal, Chile, Argentina, Colômbia, a cidade do Panamá ou a Flórida, que têm voos direto, porque a conectividade é muito importante para uma festa como o Carnaval. Hoje nós temos parceria com a Azul.
Qual será o papel do Governo de Minas no Carnaval do ano que vem? Neste ano o governo foi um dos patrocinadores, o que inclusive gerou desentendimentos com a prefeitura...
Nós fizemos uma pesquisa de satisfação e 97% das pessoas gostaram da avenida sonorizada. Foi um pedido dos blocos que o Governo de Minas fizesse, como no Rio de Janeiro, como em São Paulo. O prefeito Fuad me convidou naquele momento para que a gente conversasse sobre o Carnaval. Então foi uma união de todo mundo e é muito natural que o Estado, tendo o poder da Lei de Incentivo, tendo os recursos, pensando no desenvolvimento econômico, ajude a realizar essa festa.
Então o Estado vai seguir investindo?
Vai. Nós vamos fazer mais uma avenida sonorizada em Belo Horizonte, a avenida Brasil. Serão as duas que nós fizemos (Amazonas e Andradas) e agora a avenida Brasil, visto o sucesso que foi ano passado. E outra novidade que quero trazer é tentar abrir o Carnaval com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, o Coral Lírico, a Companhia de Dança. Quero levar isso para a praça pública para que a gente traga a música clássica para o Carnaval. Você imagina a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e o Coral Lírico no meio de uma avenida sonorizada? O que vai ser isso? Vai ser lindo!
O governo também anunciou recentemente um edital, com aportes de R$ 1 milhão para o setor da moda, lançado agora em agosto...
Lançamos e está aberto nesse momento. O edital da moda prevê a criação, a pesquisa, a criação e a divulgação. Então já convido as pessoas para entrarem. É a primeira vez que a gente faz um edital para a moda. A reflexão que a secretaria tem é da cultura na sua forma ampla, e que já acontece, por exemplo, na Lei Rouanet, que está aí há anos. Ela (secretaria) reconhece a moda, o Carnaval, todas essas manifestações como arte, como cultura e passiva de ser financiada. Então, quando a gente faz um aporte para a moda a gente quer fomentar a criação.
Também está previsto um congresso internacional de moda, certo?
Nós temos um seminário, um congresso internacional de moda para discussão, para entendimento, para saber o que se está fazendo no mundo. E temos a parceria com a Fiemg para o Minas Trend, que acontece todos os anos, e que a gente está junto esse ano abrindo com um desfile também. Nós temos regiões de Minas, o sul de Minas é muito claro, todo mundo sabe, Januária e as cidades do Polo da Moda. Nós temos o maior produtor de calçados em Nova Serrana, temos o Barro Preto, temos a Feira Hippie. Então, os editais vão servir para isso. Isso não quer dizer que esse edital é dinheiro direto, mas a Lei de Incentivo também está disponibilizando todo o ano R$ 155 milhões e esse dinheiro pode ser usado também para a moda a partir de captações.
Quais outros investimentos para o setor do turismo estão previstos? Novas parcerias previstas?
A bandeira do turismo é muito importante porque 50% do nosso turismo é cultural. A pessoa vem para o Carnaval, vem pelas cidades históricas, vem pela nossa gastronomia. A pessoa vem por tudo que oferecemos. Nós não temos mais uma paisagem em Minas que não está tocada. As montanhas, tudo. Minas tem, e tendo sido, uma terra acolhedora, o povo que mais acolhe o Brasil, um povo que tem um jeito de falar e de receber maravilhosos. E a gente tem que assumir isso, trazer pessoas para nos conhecer.
Outro tema importante que tem sido muito falado é o modo de fazer o Queijo Minas Artesanal, que pode ser reconhecido como Patrimônio Cultural e Material da Humanidade. Qual é a expectativa? Como é que está o processo?
Já fui duas vezes na Unesco. Uma este ano e outra no ano passado. Participamos de um jantar para 40 países, que foi feito à base de queijo. A candidatura está muito bem construída. Acredito que no mês de dezembro tenhamos o título de primeiro patrimônio da cultura alimentar que o Brasil vai receber. E será justamente do nosso queijo. É muito interessante porque ele tem o nome de Minas. Queijo Minas, os modos de fazer do Queijo Minas são de Minas. Vai ter o nome reconhecido pela Unesco. Minas é um território. Não é o queijo do Brasil, é o Queijo Minas. Vai ser reconhecido sim.
Alguma previsão de data para o reconhecimento?
A previsão é que a reunião ocorra no dia 3 de dezembro, na cidade de Assunção, no Paraguai. E aí se ele for aprovado, ele é declarado como Patrimônio do Mundo e será inscrito no Livro da Cultura Alimentar, figurando entre os menos de 10 alimentos no mundo da cultura alimentar que são patrimônio da Unesco, que é o número mais reduzido que tem entre os reconhecimentos da Unesco. Não é fácil chegar a esse tipo de reconhecimento.
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