Atrair novos destinos internacionais, com prioridade na América do Norte, América Latina e Europa, é uma das metas do BH Airport, terminal em Confins, na Grande BH, que completa 11 anos de concessão em 2025. Atualmente, o aeroporto opera voos regulares para Lisboa, Orlando, Cidade do Panamá, Willemstad (Curaçao), Santiago e Buenos Aires, além da rota sazonal para Bariloche.
“Estamos em negociação constante para atrair novos destinos internacionais”, afirma o CEO do BH Airport, Daniel Miranda. Segundo o executivo, o objetivo é trazer mais modernidade, conforto e competitividade para Minas e para o Brasil.
Nessa entrevista ao Hoje em Dia, Daniel Miranda fala sobre os investimentos feitos, a atração de marcas ao terminal, o crescimento das operações, ações de sustentabilidade e a inauguração – que já estava prevista – do hotel indoor no mezanino, com mais de 40 quartos e cabines de descanso.
Em 11 anos de concessão, qual volume já foi investido em Confins? Quais os investimentos mais importantes, na sua visão?
Desde que assumimos a gestão do BH Airport, já investimos cerca de R$ 1,3 bilhão em obras e modernizações. No próximo mês, vamos reinaugurar o Desembarque 1, uma obra de responsabilidade do Poder Público, na qual aportamos aproximadamente R$ 15 milhões, mediante compromisso de ressarcimento pela Infraero. Essa modernização inclui mais esteiras de bagagem, novos banheiros, elevador, escadas rolantes e um fluxo de circulação mais ágil. Tudo isso em uma área total de 2 mil metros quadrados. Outro grande investimento foi a construção do novo terminal de passageiros, que ampliou a capacidade de atendimento de 10 milhões para 32 milhões de pessoas por ano. Também realizamos reformas nos terminais, melhorias viárias, intervenções na pista de pouso e nos pátios, sempre com foco em eficiência operacional, segurança e satisfação do cliente. Vale destacar ainda um pacote de modernizações da ordem de R$ 250 milhões, com intervenções no terminal de passageiros, fachada, sistemas elétricos, inspeção de bagagens e pátio de aeronaves.
A aposta em conectividade, em transformar o terminal em hub para ligar cada vez mais destinos, segue como projeto principal?
É um dos nossos pilares estratégicos. Hoje somos o terceiro aeroporto com o maior número de destinos do país e o segundo em destinos domésticos, com cerca de 70 destinos nacionais e internacionais. Ao mesmo tempo, temos um direcionamento claro para os próximos anos: diversificar e qualificar nossa malha, com atenção especial à atração de novos destinos internacionais. Sabemos do enorme potencial turístico de Minas.
As ações que temos desenvolvido já mostram resultados concretos. Comparando o período pré-pandemia (2019) com 2025, tivemos avanço de 20% na movimentação de passageiros, enquanto a média brasileira cresceu 9%. Entre janeiro e setembro de 2025, mais de 9 milhões de passageiros passaram pelo terminal, o que representa alta de cerca de 10% em relação ao mesmo período de 2024. Um marco recente desse desempenho foi o recorde histórico de julho, quando registramos 62.353 passageiros internacionais em apenas um mês, o maior volume desde o início da concessão.
Que frutos colhidos considera mais importantes nessa estratégia?
Somos um hub de conexões com o propósito de encurtar distâncias e conectar destinos. A satisfação dos nossos clientes é, sem dúvida, um dos frutos mais importantes dessa estratégia. Essa estratégia também contribuiu de forma significativa para que Minas atingisse recorde de crescimento no turismo, o maior do Brasil nos últimos dois anos, impulsionando a geração de emprego e renda, com mais de 13 milhões de passageiros transportados por ano.
O mix comercial é estratégico para o BH Airport e não somente do ponto de vista de negócios. Que novas marcas, estruturas e serviços estão buscando?
Ampliamos nosso mix comercial e de serviços com foco na jornada do cliente, oferecendo cada vez mais opções de compras, conveniência e conforto aos passageiros. De janeiro a julho deste ano, o terminal inaugurou seis novas operações, chegando a 110, entre lojas de varejo, alimentação e salas VIPs. Trabalhamos para que visitantes e passageiros encontrem conveniência, praticidade e conforto em um ambiente que combine grandes marcas e o padrão dos principais aeroportos internacionais, mas que também traduza a mineiridade e valorize o sense of place.
A operação no transporte de cargas também é ponto forte. Como considera que esse viés tem atraído mais negócios para Minas?
É um dos nossos grandes diferenciais e tem sido decisivo para atrair mais negócios para Minas. O Hub Logístico Multimodal do BH Airport cresceu expressivamente nos últimos anos, com um salto de 60% no valor das cargas importadas em 2024, ultrapassando R$ 11 bilhões em mercadorias movimentadas. Entre janeiro e agosto de 2025, o hub movimentou mais de 9 mil toneladas em importação e exportação, crescimento de 11% sobre o mesmo período de 2024. Nossa estratégia é integrar diferentes modais, do aéreo ao marítimo e terrestre. O terminal recebe cargas de diversos países no mundo e, entre os países de origem mais representativos estão Estados Unidos, China, Alemanha, Itália, Holanda e França.
O BH Airport foi reconhecido como o primeiro aeroporto carbono neutro do Brasil. Quais novos projetos ambientais estão em andamento para reduzir ainda mais os impactos e fortalecer a agenda ESG?
Desde o início da concessão, a excelência operacional veio acompanhada de práticas sustentáveis e de impacto social. Hoje somos referência nacional. Estamos avançando com nosso plano de descarbonização, que prevê a substituição gradual da frota a combustão por veículos elétricos. Ainda este ano iniciaremos com dois ônibus elétricos em operação.
Nos últimos anos, houve investimento em conforto e hospitalidade, como as salas VIP e novos serviços. O que está sendo planejado para elevar ainda mais a experiência do passageiro?
Seguimos investindo continuamente para elevar a experiência do passageiro no BH Airport. Recentemente, inauguramos a segunda sala VIP da BRT Lounges, em frente ao embarque doméstico, que se soma às demais operações já consolidadas, como a Advantage VIP Lounge, eleita a melhor do mundo, e o Ambaar Lounge, atualmente em processo de ampliação para oferecer ainda mais conforto. Com isso, alcançamos seis salas VIP em funcionamento no terminal, oferecendo diferentes opções de serviços e comodidade para todos os perfis de clientes.
Ainda este ano inauguraremos um hotel indoor no mezanino do terminal doméstico, com mais de 40 quartos e cabines de descanso. A novidade trará mais conveniência para passageiros em conexão ou que necessitam de mais tempo no aeroporto, com a praticidade de um espaço privativo, moderno e confortável dentro do terminal.
Minas é rota de biodiversidade e, ao mesmo tempo, alvo do tráfico ilegal de espécies. Como o aeroporto atua, junto às autoridades, para reforçar a segurança e combater esse tipo de crime ambiental?
A sustentabilidade ambiental é um dos nossos pilares, e o combate ao tráfico ilegal de espécies é uma prioridade dentro dessa agenda. No BH Airport atuamos lado a lado com o Ibama e órgãos de fiscalização para reforçar a segurança e coibir práticas ilegais. Na prática, já registramos apreensões que vão de jabutis escondidos em passageiros a corais e peixes transportados em malas. Além da apreensão, trabalhamos em conjunto com centros de triagem para garantir o destino adequado dos animais, sempre em conformidade com as orientações das autoridades ambientais.
Existe levantamento dos destinos principais a partir de BH e das maiores chegadas?
Hoje, os principais mercados de/para o BH Airport se concentra em São Paulo, alcançando 25% da nossa movimentação, e Rio de Janeiro, 8%. A análise considera o número de passageiros diretos e indiretos, no período de janeiro a julho de 2025. Esses dados são fundamentais para embasar nossas negociações com companhias aéreas e identificar oportunidades de expansão, sempre com o objetivo de oferecer ao passageiro mais opções e conexões estratégicas.
IA é ferramenta muito usada no terminal? Em fiscalizações, check-ins de embarque, por exemplo? Temos evidências sobre aplicação da IA?
Entendemos a inovação, incluindo a inteligência artificial, como aliada direta da eficiência e da segurança. Já realizamos provas de conceito e seguimos avaliando tecnologias que tragam ganhos reais para a operação e para a jornada do passageiro. Esse compromisso já está presente quando vemos a implantação dos e-gates no embarque e desembarque internacional, que faz a checagem eletrônica de passaportes em segundos, trazendo mais agilidade e segurança ao processo migratório. Outro exemplo é a adoção de pushbacks coordenados, que reduziram o tempo médio de taxiamento por voo, aumentando a pontualidade, a eficiência e diminuindo emissões.
Além disso, estamos avaliando soluções integradas a câmeras e drones para reforçar a segurança e garantir maior eficiência em toda a jornada do passageiro, desde o acesso ao terminal até o embarque. Mais do que implementar tecnologia, atuamos para que cada avanço esteja a serviço das pessoas, tornando a experiência de viagem mais simples, agradável e segura, ao mesmo tempo em que garantimos maior eficiência para quem opera em nosso aeroporto.
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